Alunos da EACH voltam às aulas no dia 31

Com campus interditado, estudantes terão aulas no bairro do Tatuapé, no Quadrilátero da Saúde e no Butantã
Membros da Comissão de Graduação da EACH fazem mapeamento dos cursos, que será disponibilizado aos alunos no dia 28 de março. Foto: Sofia Calabria

Foi aprovado pela Congregação da Escola de Artes e Ciência Humanas (EACH), no último dia 25, o início do ano letivo de 2014 no dia 31 de março. Com o campus na Zona Leste ainda interditado, as aulas acontecerão na Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), na Faculdade de Tecnologia (Fatec), ambas localizadas no bairro do Tatuapé, e no Quadrilátero da Saúde e campus Butantã da USP.

De acordo com a Comissão de Graduação, até a próxima sexta, dia 28, deverá ser informado aos estudantes todo o mapeamento das aulas de cada turma e os locais onde serão ministradas. A presidente da Comissão de Graduação da EACH, Nádia Zanon Narchi, informou que serão alugados dois andares da Unicid para os períodos da manhã e tarde, e a unidade da Fatec sediará turmas nos três períodos. No campus do Butantã e no Quadrilátero da Saúde (Escola de Enfermagem, Faculdade de Saúde Pública, Faculdade de Medicina e Instituto de Medicina Tropical) estão previstas as turmas do noturno.

Na reunião, os representantes discentes da Congregação votaram pelo adiamento do semestre, pois mantiveram o posicionamento de apoiar a volta às aulas somente em seu campus de origem, como deliberado em assembleia realizada no dia 21 . “Começar o semestre agora é muito ruim porque já estamos em abril e seria muito conturbado. Como vamos estar divididos, essa decisão não vai contemplar o ensino, a pesquisa, a extensão, a permanência estudantil e muito menos o projeto da EACH, que é baseado em um ciclo básico. Nossa postura é lutar pelo projeto da EACH e utilizar esse tempo pra fazer pressão para voltarmos para uma EACH saudável, com os problemas ambientais resolvidos”, diz Letícia Nery, aluna de Gestão de Políticas Públicas, representante discente da Comissão de Graduação e suplente da Congregação.

Semana Conturbada

Esta é a segunda vez que as aulas são prorrogadas. Programadas para começarem junto com o calendário letivo da USP, dia 17 de fevereiro, foram adiadas, a princípio sem data definida, devido à ausência de soluções. Posteriormente, foi informado que o retorno deveria acontecer no dia 24. No entanto, na sexta-feira, dia 21, a decisão foi revogada pela Comissão de Graduação da EACH, que alegou não ter condições de voltar às aulas já nesta semana devido, principalmente, à impossibilidade de alocar os quase 5 mil alunos nos espaços propostos. “Uma parte importante das atividades da EACH não está contemplada no plano que nos foi disponibilizado”, afirmou Márcio Gurgel, suplente da coordenação do curso de Gestão Ambiental.

Além disso, havia um prazo muito curto para o mapeamento adequado das turmas e as resoluções logísticas, como deslocamento de discentes, docentes e funcionários. Depois de sucessivas reuniões, a Comissão apresentou um plano de retorno que envolvia o campus do Butantã. Antes, essa opção não estava no conjunto do que havia sido apresentado pela reitoria, mas devido à urgência, o plano escolhido recebeu seu aval.

Longe do ideal

A solução encontrada, no entanto, apresenta muitas falhas. O projeto pedagógico e os espaços de permanência, por exemplo, ficam comprometidos. O remanejamento de aulas não contempla algumas das atividades multidisciplinares e laboratórios. Desse modo, o desmembramento da unidade prejudica o desenvolvimento do semestre.

“Nós estamos tentando preservar o projeto pedagógico, mas parte dele não poderá ser preservado. Nós não temos laboratórios na Unicid nem na Fatec Tatuapé e não existem recursos didáticos como, por exemplo, data show. Os funcionários estão tentando ver o que é possível levar da EACH para essas unidades, caso seja autorizado pela justiça”, completa Nádia. Além disso, a previsão é que as aulas vão até final de julho, para que o segundo semestre se inicie em agosto.

“Essas disciplinas costumam ser muito ricas, com trabalhos em grupo reunindo áreas de conhecimento diferentes para as quais o aluno traz sua bagagem anterior e o que aprende na faculdade com as matérias específicas. Isso seria muito difícil de se manter em qualquer proposta de desmembramento da EACH”, diz Marcelo Fernandes, aluno de gestão de políticas públicas e um dos organizadores do movimento estudantil da EACH.

Apesar das medidas tomadas, o problema do solo ainda persiste. Tomás Marques, do Programa de Pós-graduação e Integração da América Latina (Prolam) e suplente da Congregação relembra o início do problema. “A questão central está sendo deixada de lado, que é a EACH. Não existe um prazo da reitoria para resolver esse problema e é isso que nós estamos exigindo. Ninguém fala em prazo ou cronograma de obras e isso é essencial. Esse é o ponto do problema, a doença, que não está sendo discutida”.