Alunos aprovam saída de coronéis da USP

Representantes do DCE se disseram favoráveis à nova gestora de segurança, mas cobram participação nas decisões
Charge: Ricardo Kuraoka
Charge: Ricardo Kuraoka

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) considera uma conquista as trocas na Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária. Para Gabriel Lindenbach, diretor do DCE, a saída do coronel Luiz de Castro Júnior foi “uma vitória importante” numa briga travada desde 2009. “Estes policiais representavam a militarização da segurança na universidade. A mentalidade deles não condizia com o que o movimento estudantil vem buscando”, afirmou.

Sobre a gestão da professora Schritzmeyer, Lindenbach se disse esperançoso. “Fica uma esperança. Queremos saber suas propostas e o que ele vai realmente colocar em prática. O DCE já conseguiu uma reunião com ela para discutir o nosso Plano Alternativo de Segurança, que vem sendo elaborado desde 2010.”

O plano criado pelos alunos (que pode ser acessado no site www.dceusp.org.br) traz várias reivindicações, como melhor iluminação, poda das árvores, aumento da capacidade das linhas de ônibus e treinamento da guarda universitária em direitos humanos.

O ponto mais abordado, no entanto, é o convênio com a Polícia Militar, que a nova superintendente não se mostrou necessariamente contra. “Este acordo vem desde 2010, mas os problemas não foram resolvidos e a universidade não disponibiliza dados em relação às ocorrências”, reclamou Gabriel. Atualmente, o site da guarda universitária, que seria a responsável por esta função, apresenta apenas a mensagem de que está sendo reconstruído.

O diálogo com os estudantes é visto como fundamental pelo DCE para que se possa chegar a um novo modelo de segurança na universidade. Membro do Centro Acadêmico Lupe Cotrim (CALC) da Escola de Comunicação e Artes, a estudante Marcela Carbone, que também faz parte do diretório, acredita que somente dando voz à comunidade universitária será possível evoluir. “Por um lado, esta decisão representa um progresso, porque quem estava lá antes era um coronel, e isso é um reflexo de toda a pressão que foi feita pelos alunos nos últimos anos. Mas precisamos ver se o projeto de segurança realmente irá mudar. Só vou acreditar que a nova superintendente e o reitor estão dispostos a transformar essa questão, se eles se puserem a conversar com os alunos”, afirmou Carbone.

Ela também acredita que, com os episódios constantes de violência quem vem acontecendo na universidade, principalmente nos happy hours, como a “Quinta & Breja” na ECA, este seja um momento propício para se cobrar os gestores da USP. “É importante debater isso neste momento, especialmente com os casos de assalto que tem ocorrido frequentemente. É a hora de cobrar os responsáveis. Precisamos encontrar uma solução democrática, e é preciso ouvir os estudantes e os funcionários também”, concluiu Marcela.

Sobre as ocorrências que acontecem de madrugada na universidade, Lindenbach alertou para o fato de que a saída encontrada não pode acabar com os eventos organizados pelos alunos, e que eles não são a causa da violência. “Este é um argumento utilizado pelos policiais e a antiga reitoria para justificar o fim das festas, alegando a questão da segurança.”