Baterias da USP não têm onde ensaiar

Com falta de espaços adequados e reclamações de barulho, grupos enfrentam dificuldades

As baterias da USP têm tido grandes problemas para ensaiar dentro do Campus da capital. Sem espaço para alocar todos os grupos na cabeceira da Raia Olímpica – local oficialmente destinado para este fim – muitas delas ensaiam em outros lugares do campus, o que por vezes atrapalha outras atividades e, nos últimos tempos, tem levado agentes da Guarda Universitária a interromper ensaios.
A fim de solucionar o problema de reclamações recebidas referentes ao barulho proveniente dos ensaios, a Prefeitura do Campus da capital (PUSP), desde o final do ano passado, convocou reuniões com as baterias envolvidas. Nelas, chegou a ser cogitada a obrigatoriedade de ensaios exclusivamente na Raia, com transporte dos instrumentos e ritmistas oferecido pela Prefeitura. Esta proposta, no entanto, foi rejeitada pelos ritmistas, que elaboram um projeto de construção de novos espaços no Campus, a ser apresentado à PUSP (ainda não se sabe quando).

Incômodo

De acordo com a Assistência Técnica de Relações Institucionais da Prefeitura do Campus (ATRI-PUSP), há pelo menos sete anos a Prefeitura recebe “mensagens da comunidade universitária, de moradores do entorno e da Ouvidoria, contendo reclamações sobre o barulho proveniente dos ensaios”. Desde 2008, através de uma parceria com o Centro de Práticas Esportivas, a- cabeceira da Raia Olímpica foi cedida para receber ensaios. O espaço, no entanto, não foi suficiente para alocar todos os grupos, que na última década se multiplicaram dentro da USP. “Nuca houve qualquer espaço que fosse realmente montado visando atender as demandas das Baterias “, o ritmista Pedro Marques, da Bateria Manda Chuva (FFLCH), relata. “A Raia veio como uma medida, supostamente provisória, para comportar o número crescente de baterias na USP e diminuir o incômodo da comunidade acadêmica”.Ele explica que a cabeceira tem apenas três “pisos”, cimentados e cobertos, e que eles são próximos um do outro. O resto do espaço é gramado e pista de atletismo.

(Foto: William Nunes)

Por estes motivos, quando foi proposto em reunião pela PUSP que todas as baterias passassem a ensaiar na Raia, com transporte feito pela Prefeitura, diversas baterias que hoje ensaiam em outros lugares do Campus se reuniram para discutir sua situação e “somar forças”. “Nossa conclusão, vide o espaço disponível para ensaios na raia, o número de grupos que ensaiam e os horários dos ensaios, foi de que, mesmo com a disponibilidade de transporte, seria impossível comportar todos os grupos”, Pedro relata. A instrumentista da Farmatuque (Farmácia-USP) Gabriela Vieira completa: “o número de baterias que ensaiam no campus é grande, e muitas ensaiam nos mesmos dias e horários. A raia só comporta, no máximo, três baterias em um mesmo horário, e ainda assim, o barulho de uma prejudica a outra”. Esta posição foi apresentada à PUSP e à administração da Raia em reunião no início deste ano.

Projeto

Nesta reunião, os ritmistas ressaltaram a importância da existência de espaços apropriados para ensaios. Propuseram, então, de acordo com Pedro, “a criação de novos espaços para ensaios, de forma a atender as demandas de uma manifestação estudantil que vem crescendo muito nos últimos anos”, o que foi bem recebido pela PUSP. “Foi relatado que a prefeitura entrou em contato com a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão, e ao que parece eles estão dispostos a receber um projeto, feito por nós mesmos, propondo locais para a construção de novos espaços de ensaio”, ele conta.
A construção efetiva de novos espaços, no entanto, parece estar longe da realidade concreta, e seu processo é um tanto nebuloso. A Prefeitura informou que não executaria nenhum tipo de obra – apenas encaminharia um eventual projeto apresentado pelas baterias à Reitoria da Universidade, através do Programa Campus Sustentável USP – projetos de Governança do Campus e Cultura de Sustentabilidade. A Reitoria, por sua vez, não quis se manifestar sobre esta questão, uma vez que ainda não recebeu nenhum projeto. Até o momento, portanto, não se sabe quem executaria a construção de novos espaços para ensaios, com que dinheiro nem em que prazo.
De qualquer forma, os ritmistas trabalham na elaboração do projeto para apresentar à Prefeitura. De acordo com Gabriela, já estão sendo mapeadas as sedes das baterias e os locais de ensaio atual .“A intenção é que o projeto agrade a todos, tornando acessível o acesso para ensaios e sem transtornos com professores e/ou outras baterias”, ela diz. Pedro conclui: “pensamos em incluir nesse projeto não somente uma proposta de construção de novos espaços, mas também um texto descrevendo quem somos, o que somos, o que fazemos e o que a música e nossos grupos representam e significam a nós mesmos e à comunidade da USP como um todo”.

Por Fernando Magarian