Com faixas exclusivas para ônibus e bicicletas, trânsito no campus melhora

Apesar dos enormes congestionamentos que se formam nos portões nos horários de pico, estudantes aprovam alterações nas principais vias da Cidade Universitária

A cena é corriqueira. Nos horários de pico, os portões do campus Butantã da USP ficam abarrotados de carros. De manhã, é frequente ver as filas de automóveis chegarem até em frente à Casa de Cultura Japonesa, que fica já na Av. Lineu Prestes, há quase 1,5 quilômetro da portaria principal da universidade. Mas apesar deste e outros possíveis transtornos, os estudantes têm se mostrado satisfeitos e esperançosos com as alterações nas prioridades do trânsito da universidade, valorizando outras modalidades de transporte com a implantação de faixas de ônibus e ciclofaixas, por exemplo.
Desde o inicio deste semestre a Cidade Universitária conta com 2.600 metros de faixas exclusivas de ônibus e ciclofaixas, que começam na Av. Lineu Prestes, passam pela Praça do Relógio Solar e se estendem pelos dois sentidos da Av. da Universidade, indo até o cruzamento da Rua Alvarenga com a Av. Afrânio Peixoto. Para muita gente que usa o ônibus circular todos os dias para ir do campus ao Metrô Butantã, essa alteração facilitou bastante o trajeto. “As faixas fizeram muita diferença, dá pra chegar no metrô bem mais rápido de ônibus nos horários de pico”, disse Paulo Vinícius, 31, estudante da Faculdade de Educação. A implementação deste trecho teve o custo de R$ 172 mil.

(Foto: Bruna Eduarda Brito)

Os motoristas desses ônibus que carregam 50,4 mil pessoas por dia, porém, acham que quem circula de carro pelo campus não respeita o espaço do transporte público como deveria. “É lógico que a faixa de ônibus ajuda, mas se o motorista do carro respeitasse mais e não invadisse o nosso espaço, os passageiros chegariam bem mais rápido tanto no metrô como nas aulas”, disse Edson Brovero, que dirige um dos veículos da linha 2 do circular. Quando perguntado sobre o que poderia ser feito para diminuir o congestionamento nos portões da universidade, o motorista não se mostrou otimista. “Esse trânsito não tem jeito, o pessoal sempre vai usar pra cortar a Marginal parada. Os portões são abertos ao público e não tem o que fazer”, comentou.
Essa opinião também é compartilhada por diversos estudantes, como, por exemplo, Murilo de Carvalho, do Instituto de Biociências. “A situação dos portões nos horários de pico é caótica, mas não tem jeito, vai estar sempre lotado e não tem o que fazer”, sentenciou. A Prefeitura do Campus garante que está estudando formas de diminuir o congestionamento nos portões da universidade, tanto internamente em seu Plano de Mobilidade como ao lado da CET em um termo de cooperação com duração de cinco anos. “Estão sendo estudadas questões como serviços de engenharia de trânsito, projetos de segurança e temporização dos semáforos”, afirmou a assessoria técnica da Prefeitura do Campus em resposta à reportagem.
De tempos em tempos a USP também ganha os noticiários com acidentes e atropelamentos que acontecem no campus, principalmente de madrugada. O último caso aconteceu em agosto de 2014 com o atropelamento de cinco pessoas que praticavam corrida próximo ao P1 e que resultou no falecimento do corredor de 67 anos, Alvaro Teno. Mas mesmo assim, os estudantes entrevistados disseram não se sentir inseguros com o fluxo de carros na cidade universitária. “As pessoas no trânsito aqui na USP são bem mais educadas do que lá fora”, comentou Paulo Vinícius, por exemplo.

(Foto: Bruna Eduarda Brito)

Segundo os dados da Prefeitura do Campus, historicamente a via com maior número de acidentes é a Av. Professor Lineu Prestes, seguida da Av. Prof. Luciano Gualberto. Outro ponto perigoso é a travessia de pedestres próxima ao portão de acesso à Vila Indiana. “Neste local, os pedestres devem redobrar a atenção e os motoristas reduzir a velocidade”, recomenda o órgão.

Espaço das bicicletas

É visível que após a instalação da ciclofaixa próxima à região do portão principal, a circulação de bicicletas como meio de transporte aumentou na região. Mas os ciclistas pedem por mais espaço seguro dentro do campus. “Ainda falta muito, só tem esse pedacinho do P1. É claro que ajuda e melhorou, mas isso tem que ser só o começo”, comentou Sebastian Lopez, estudante da Escola Politécnica que usa a bicicleta como meio de transporte na universidade.
A Prefeitura do Campus promete mais ciclofaixas para o início do ano letivo de 2016. “A próxima ciclofaixa deverá ser instalada na Av. Prof. Mello Moraes [a avenida da raia olímpica], após um recapeamento asfáltico. A previsão de conclusão é até o primeiro trimestre de 2016”, garantiu a sua assessoria. Logo depois estão previstas ciclofaixas em mais três vias da universidade. Primeiro na Av. Prof. Luciano Gualberto, seguida pela Av. Prof. Lineu Prestes e a Rua do Lago.
Diferente dos ciclistas comuns, as equipes de ciclismo que utilizam o campus para treinar causam mais preocupação. “Com as equipes de bicicleta o trânsito fica mais perigoso, porque eles ocupam espaços grandes da avenida. Tudo bem que eles vêm em horários e dias alternativos, mais à noite e no final de semana, mas alguma coisa devia ser pensada”, acredita Ronaldo Lopes Coelho, 29, estudante de Psicologia que utiliza uma moto para se locomover pelo campus. A USP realizou alguns testes entre o ano passado e o começo de 2015 com percursos feitos especificamente para ciclistas esportivos e para corrida e caminhada aos sábados para priorizar a prática esportiva em dias alternativos na Cidade Universitária. Os resultados serão apresentados ao Conselho Gestor do Campus.

Por Murilo Carnelosso