Drones tomam o céu da Cidade Universitária

Pequenos veículos aéreos não tripulados são usados para recreação na praça do relógio da USP
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Foto: Gabriel Sousa

O uso de drones está cada vez mais frequente no mundo todo. Idealizados para fins militares, os pequenos veículos não tripulados foram inicialmente projetados para serem usadas em missões muito perigosas para os seres humanos. Hoje em dia, o uso recreativo se popularizou enormemente, sendo utilizados como aeromodelismo. A praça do relógio, região central da cidade universitária da Universidade de São Paulo (USP), é comumente utilizada para esse fim.

Drones também são conhecidos como VANTs: veículos aéreos não tripulados. São qualquer tipo de aeronave que não necessita de pilotos para ser dirigida, onde o controle é feito a distância. Em geral, são objetos voadores com hélices similares a mini-helicópteros, mas há uma variedade grande, desde o número de hélices até modelos que usam combustível ou baterias para adquirir energia.

No Brasil, não há nenhuma legislação específica sobre Drones. A agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) os enquadra na categoria de aeromodelismo, e leva em conta não o modelo do drone, mas sim a finalidade no qual ele é empregado. O uso para recreação é permitido, desde que cumpra algumas exigências, como por exemplo não voar em áreas povoadas, não passar de uma altura de 120 metros (400 pés) e manter a aeronave sempre no campo de visão.

Já a operação de forma comercial é totalmente proibida no país. “Os órgãos reguladores, que são responsáveis na hora de assinar as autorizações, ainda não têm tecnologia, normas, e fundamentos científicos para poderem permitir esse tipo de uso dos drones, então está proibido”, comenta Ricardo Gimenez, doutor em engenharia elétrica pela Escola Politécnica.

Há varias questões para se negar a autorização. “O uso dos drones é ainda muito recente, então não há um histórico completo sobre acidentes. Não há um respaldo civil e penal ainda sobre essa questão”, comenta. Mesmo em baixas altitudes e em áreas de baixa densidade populacional, o uso comercial é proibido.

Segundo Gimenez, o conceito de baixa densidade populacional é relativo. A praça do relógio se enquadra nessa categoria, portanto é legalmente permitido o uso recreativo dos drones nessa área. Porém, também é um local de circulação de pessoas, o que pode ser suscetivo a acidentes. Outros pontos bastante usado para a recreação são os gramados da Faculdade de Odontologia, nos finais de semana e sobretudo no sábado.

Henrique, instrutor para pilotagem de drones, afirma que usa a praça do relógio para ensinar seus alunos por ser uma área aberta, longe de construções e de baixa densidade populacional. Segundo ele, a região é adequada por ficar longe de antenas que podem interferir no sinal do controle para a aeronave, e garante que pilota apenas na altitude adequada e sempre no campo de visão.

Para a ANAC, as preocupações são principalmente relacionadas ao risco de colisão com outras aeronaves ou de causar ferimentos ou danos em propriedades no solo. É frequente que o aeromodelo perca a conexão de rádio, ou então não seja pilotado da forma adequada. A Guarda Universitária não tem registro, até o momento, de acidentes envolvendo drones ou aeromodelos.

Segundo a Prefeitura do Campus USP da Capital (PUSP-C), como a regulamentação para uso de drones no Brasil ainda está em estudo pela (ANAC), não há norma específicas para o uso destes equipamentos nas áreas comuns da Universidade. Porém, é necessária a solicitação de autorização da PUSP-C nos casos de uso dos veículos aéreos com a finalidade de obtenção de imagens fotográficas ou em vídeo.

Um caso de sucesso

Não só para o uso recreativo de drones a USP é usada. Fundada em 2007 dentro na universidade, a XMobots hoje é referência no país em tecnologia de VANTS. Foi  criada por cinco alunos de graduação da Escola Politécnica da USP, e é especializada no desenvolvimento, fabricação, treinamento, manutenção e operação de sistemas não tripulados.

Em sua criação, a XMobots foi acolhida pelo Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), incubadora tecnológica da USP que dá suporte e apoio nas áreas tecnológicas, empresarial e na captação de recursos para startups e micro e pequenas empresas de tecnologia. Hoje, a Xmobots ja é um dos maiores nomes no Brasil.  Em 2013, ela recebeu da Anac o primeiro Certificado de Voo Experimental (Cave) para uma empresa privada do Brasil. Até então, apenas a

Polícia Federal possuía a mesma licença. Já em março de 2015, a empresa lançou o  Echar 20B, drone com a maior capacidade de mapeamento do mundo.

Por Thiago Castro