Paralisação impede atividades da Prefeitura

Mudança no local de trabalho de funcionários sem aviso prévio gerou insatisfação
Protesto realizado na terça-feira (6), na porta da Antiga Reitoria (foto: Leandro Bernardo)
Protesto realizado na terça-feira (6), na porta da Antiga Reitoria (foto: Leandro Bernardo)

Paralisação dos funcionários da Prefeitura do Campus USP da Capital (PUSP-C) fez uma semana nessa terça-feira (6). As manifestações começaram após uma tentativa frustrada de transferir os servidores ligados à manutenção das áreas verdes da Universidade para um viveiro do Instituto de Biociências próximo ao Clube da Universidade, na Rua do Matão, local que ocupavam antigamente. Segundo manifestantes e sindicalistas, o local não possui condições adequadas de trabalho e segurança e está infestado pelo mosquito da dengue.

Na segunda-feira (5), os portões da prefeitura amanheceram repletos de faixas de protesto e cercados por funcionários. Um manifestante que preferiu não se identificar afirmou que a mudança de local era estudada, mas que a decisão foi tomada sem deliberação prévia e pegou os trabalhadores de surpresa: “Eles estavam planejando ir para lá, mas tinha que organizar. Não pode pegar as nossas coisas sem a gente estar aqui”, explicou. Outros participantes confirmaram a versão, alegando que o estopim do movimento foi a chegada inesperada de um caminhão de mudança na última segunda-feira de setembro (28). Na ocasião, os funcionários estavam espalhados pelo Campus executando serviços rotineiros de manutenção e não teriam sido informados da mudança.

O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) iniciou uma rodada de negociações com a Reitoria para assinatura de um termo de compromisso na última sexta-feira (2). Entre as condições para a resolução do impasse estaria, em primeiro lugar, a garantia de que não haverá desconto pelos dias de paralisação na folha de pagamento dos envolvidos nem afastamento ou demissão de funcionários. O Sintusp, por outro lado, aceitou estudar a transferência dos funcionários. A preocupação não é a mudança de local, mas sim o atendimento a condições mínimas de permanência e a garantia de que os trabalhadores continuem exercendo suas funções sem que a infraestrutura carente os impeça.

Não houve acordo, porém. A paralisação estava mantida até terça-feira (6), quando nova reunião foi marcada. “Nós, na quinta-feira (1), pedimos uma audiência com a reitoria”, explicou Magno de Carvalho, do Sintusp. A tentativa de conciliação, na sexta, foi postergada. “No final do dia veio a resposta da Reitoria, e ela só iria receber o Sindicato na terça”.

Um ato organizado ontem no pátio da Reitoria acompanhou as negociações e pressionou os responsáveis, mas até o encerramento do jornal não havia sido tomada uma decisão.

“O próprio prefeito pediu que isso não fosse feito dessa forma”, disse Magno. Na versão do sindicato, a saída emergencial teria sido determinada pelo gabinete do Reitor sem consultas aos responsáveis pela prefeitura .

O pessoal de áreas verdes da USP era sediado no viveiro até aproximadamente dez anos atrás, quando foi reivindicada a transferência dos servidores para o território da prefeitura. Além do retorno desses funcionários à Rua do Matão, Claudionor Brandão, diretor do Sintusp, afirma que outros departamentos da prefeitura serão segmentados: “Eles vão entregar as oficinas mecânicas com garagem, equipe e tudo para a gestão da CODAGE (Coordenadoria de Administração Geral), e transferir o pessoal que está instalado lá para o Bloco L”. O Bloco L é um dos setores do prédio da administração central da USP, próximo à Brasiliana. Parte das mudanças visa abrigar adequadamente parte do acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), localizado ao lado das instalações da PUSP-C. O museu seria ampliado utilizando parte do terreno da Prefeitura.

“Paralisaram a semana passada, está até agora e não deixaram a gente entrar”, comentaram funcionários da Escola do Futuro, instalada na área da PUSP-C, mas sem associação direta com o órgão. Nenhum deles quis se identificar. Segundo o Sintusp, não há previsão de término até que Reitoria se comprometa a não punir os envolvidos na folha de pagamento através de um acordo formal. A transferência de local poderá ser negociada.

A Reitoria foi consultada em relação a todas as questões, mas não havia se manifestado até o fechamento desta edição.

Por Bruno Vaiano