Rugby universitário, relevância nacional

Disputando a primeira divisão paulista e a segunda nacional, Poli Rugby eleva nível esportivo uspiano

O time é universitário, mas sua importância é nacional. Poucos uspianos sabem, mas existe uma equipe de dentro da Universidade que, além de disputar inters, compete também no mais alto nível brasileiro: é o time de Rugby da Escola Politécnica.

Com uma vitória no último mês de novembro sobre a equipe do Wallys Louveira por 29 a 3, o Poli Rugby se manteve na primeira divisão do Campeonato Paulista. A equipe, que também participa de campeonatos universitários como InterUSP e Engenharíadas, disputa a segunda divisão nacional do esporte no Brasil: a Taça Tupi.

“A galera leva bem a sério. De certa forma, ultrapassou o nível de apenas um time universitário, jogando também campeonatos de clubes a nível nacional”, diz João ‘Mamão’ Albanese, jogador da equipe.

Apesar de não ser muito conhecida na USP, a relevância nacional do Poli Rugby não é recente: o time foi fundado em 1971 e tem muita tradição. “A Poli teve momento brilhantes no passado, houve épocas em que tivemos grandes conquistas, como o Brasileiro B de 1992. Já tivemos diversos jogadores representando a seleção brasileira, desde a década de 70”, conta Pedro ‘Gonzo’ Mantovani, capitão do Poli Rugby.

No início dos anos 2000, o time passou por um momento exclusivamente universitário, não disputando os campeonatos de nível brasileiro e paulista. Entretanto, desde 2010, o Poli Rugby voltou a participar da elite nacional. “Nosso time ficou mais maduro, alunos de pós-graduação e formados jogam. Isso foi importante para elevarmos nosso nível e conseguirmos jogar no mais alto nível nacional”, afirma o capitão.

Rugby 2
Poli Rugby jogou contra a FFLCH no último sábado (28) no CEPE; para participar do Poli Rugby, basta ter muita disposição e ir a algum dos treinos, que são abertos a todos, no CEPEUSP, segundas, quartas e sextas-feiras às 19h30. Foto: Letícia Paiva

Independência da AAA Poli

Por ser uma equipe muito grande, o Poli Rugby se organiza de maneira um pouco diferente da maioria das equipes universitárias. O time tem uma administração independente  formada por veteranos e não depende financeiramente da Associação Atlética Acadêmica Politécnica (AAA Poli).

Contudo, o time está atrelado à AAA Poli e recebe grande ajuda da entidade. A divisão funciona assim: em competições universitárias, a Atlética cuida tanto da parte financeira como burocrática, enquanto nas demais é a própria administração do time que se organiza.

“Temos uma estrutura de clube independente mesmo. Os veteranos gerenciam o time por fora, procuram técnico, preparador físico, médico, campos para treinar quando o Cepe está de férias, patrocínio e todo o resto”, revela Raul ‘Cabelo’ Goulart, Diretor de Modalidade do Poli Rugby.

Lucca Zidan, presidente da AAA Poli, confirma a diferença da equipe em relação às outras modalidades. “Eles têm alguma independência e é bem grande, por sinal. Como participam de competições de alto nível, como o Paulista de Rugby, jogam com alguns atletas que não são universitários. Nesses casos, o próprio time acaba se virando com inscrição e viagem. Mas eles também são atrelados à Atlética. Em competições universitárias, como o InterUSP, jogam só com os alunos aqui da Poli.”

Para poder disputar competições nacionais, a equipe precisou se filiar à Confederação Brasileira de Rugby. A missão era complexa e, por isso, em 1994 foi criada uma estrutura independente de administração. “É apenas para agilizar questões burocráticas, porque a Atlética e a Poli Rugby têm o mesmo sentimento de paixão pelo esporte e pela Escola Politécnica. Eles sempre poderão contar com os melhores atletas do rugby e nós temos a certeza que eles nos apoiarão sempre”, afirma Pedro ‘Gonzo’ Mantovani.

O suporte técnico, administrativo e financeiro que os veteranos dão ao time é fundamental para a vitalidade do clube, como conta o capitão do Poli Rugby. “O rugby da Poli é uma forma destes ex-alunos manterem o vínculo com a vida acadêmica​ e trazer toda sua experiência profissional para nossa evolução​”, completa o capitão.

Apesar do alto nível, o Poli Rugby não é profissional, assim como toda a estrutura do rugby no Brasil. Portanto, para manter a equipe, cada atleta precisa fazer uma contribuição financeira mensal. “Contudo, estes valores não são suficientes para manter toda estrutura e nós sempre buscamos patrocínios e doações que possam alimentar toda a estrutura que temos hoje”, declara Mantovani.

Atletas de fora

Como nas competições de alto nível não há a exigência de que todos os atletas sejam matriculados na Poli, a equipe utiliza jogadores de origens diferentes, sejam de outras unidades da USP ou mesmo de fora da Universidade. ​A grande maioria é da Politécnica, entre 80% e 85%, segundo seu capitão, mas faculdades como a FFLCH e a EEFE também têm representantes. Nas disputas universitárias, entretanto, o time é composto apenas pelos politécnicos.

Para a comunidade externa, as formas de conhecer o time são as mais diversas, como conta o Diretor de Modalidade Raul ‘Cabelo’ Goulart. ​“Já procuraram na internet um time na região do Butantã e encontraram a gente. Um ia na academia no mesmo lugar que um colega nosso, gostou e perguntou se podia treinar junto. Alguns são amigos que alguém convidou.”

A origem do jogador, porém, não importa. O capitão do Poli Rugby faz o convite a qualquer um que queira participar dessa equipe que é universitária e, ao mesmo tempo, nacional. “O importante é a pessoa ​vestir a camisa, acreditar em nossos valores e participar da equipe como um verdadeiro jogador de rugby. E treinar muito, claro. Basta ir a algum treino, que são abertos a todos, no CepeUSP, segundas, quartas e sextas feiras às 19h30.​”

Por Matheus Sacramento