USP faz mais mudanças na sua cozinha (parte 2)

Sem aviso prévio, Zago extingue cargos de cozinheiro. Funcionários sentem empregos ameaçados
Bandejão - Mesa-W_cmyk
(Foto: Hailton Biri)

Em portaria publicada no Diário Oficial do estado no dia 20 de novembro, o reitor Marco Antônio Zago determinou a extinção de 225 funções de auxiliar de cozinha e 148 de cozinheiros do Plano de Classificação de Funções (PCF) da USP. Os números correspondem à totalidade destes cargos na Universidade. A medida impede que novos funcionários sejam contratados para qualquer uma das funções.

A decisão de Zago, publicada sem aviso prévio, assustou os funcionários que ocupam os cargos atualmente. Segundo o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), a categoria teme a terceirização total dos serviços e sente seus empregos ameaçados.

“No ano passado, a reitoria determinou o fim das contratações por conta da crise financeira. A previsão de melhoria nas condições de trabalho acabou ali. Depois veio o PIDV (Programa de Incentivo à Demissão Voluntária), que também atingiu os funcionários dos bandejões. Isso tudo tem deixado os funcionários de cabelo em pé”, afirma Marcello Pablito, diretor do Sintusp e auxiliar de cozinha.

Recentemente, a administração do bandejão da Faculdade de Direito foi repassada para a  iniciativa privada.  Além disso, em São Carlos, o CAASO (Centro Acadêmico Armando Salles de Oliveira) soltou uma carta aberta no dia 24 de novembro, afirmando que, segundo informações do Conselho Gestor, o reitor havia determinado a terceirização do restaurante do campus e declarando Zago ‘persona non grata’. A reitoria não quis se pronunciar sobre o assunto.

“A gente não concorda com a terceirização, porque ela significa na prática que os trabalhadores é que vão ter que pagar a crise que não foi criada por eles”, disse Marcello. A reitoria não nega futuras terceirizações e afirma apenas que o propósito da atual gestão é garantir a continuidade das atividades, dentro das possibilidades orçamentárias da USP.

“A atividade de alimentação será preservada e os servidores poderão se manter nas atividades atuais ou serem capacitados e treinados para assumirem novos desafios profissionais na USP”, disse a reitoria ao Jornal do Campus.

Bom Prato

Conforme matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo no dia 17 de novembro, o governo do estado ofereceu a instalação de restaurantes Bom Prato na Universidade em troca de maior inclusão de alunos da rede pública no vestibular.

“Para nós, a solução não é Bom Prato e sim a abertura de mais restaurantes universitários. O Bom Prato é uma forma de substituir os bandejões e ameaçar o nosso emprego”, afirma Pablito.

De acordo com o diretor do Sintusp, a categoria prepara uma mobilização para exigir a revogação da extinção dos cargos. “Na situação em o país está vivendo, com muitas demissões e aumento do custo de vida, o pessoal não vai aceitar entregar seu emprego calado. O Bom Prato é uma ameaça, a terceirização é uma ameaça. Ninguém aceitará perder seu emprego”, disse Pablito.

Por Igor Truz