Docentes criam grupo por direitos conquistados

Em uma tentativa de “romper o silêncio”, professores e pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) criaram, no início deste mês, o coletivo “Em Defesa dos Direitos Conquistados” para debater pautas conservadoras que tramitam no Congresso Nacional e levantar a bandeira dos direitos garantidos pela Constituição de 1988.

Mesa do primeiro debate realizado pelo Coletivo (foto: Luiza Magalhães)
Mesa do primeiro debate realizado pelo Coletivo (foto: Luiza Magalhães)

Para o professor do departamento de Filosofia Sergio Cardoso, a FFLCH, que sempre foi palco de resistência e debate, ficou em silêncio por muito tempo sobre o atual momento político no Brasil.

“Nós estávamos, como todo mundo, perplexos. Mas queremos sair dessa letargia e garantir condições para um embate democrático”, explica.

Formado por acadêmicos importantes como Marilena Chauí, André Singer, Fabio Konder Comparato, e Fernando Limongi, o grupo suprapartidário pretende organizar um debate por mês e manter uma coluna mensal na versão brasileira do periódico francês Le Monde Diplomatique.

“A ideia foi espontânea e é recentíssima”, diz o professor. “Nós estamos incomodados como alguns discursos estão se tornando verdadeiros sem o contraditório, sem algo que questione. Queremos fazer o nosso papel: nos pronunciar.”

Segundo Cardoso, o coletivo está preocupado com os direitos garantidos pela Constituição, conquistados pelo povo brasileiro depois da ditadura e que “estão sendo ameaçados” no Congresso.

A criação da lei antiterrorismo e do Estatuto da Família, o rebaixamento da maioridade penal e a flexibilização da definição de trabalho escravo seriam alguns dos projetos – muitos deles encaminhados pelo deputado do PMDB e presidente da Câmara Eduardo Cunha, réu na Operação Lava Jata – hoje em pauta no Congresso que lesam direitos conquistados pelo brasileiro.

O coletivo já recebeu acadêmicos de outras unidades e de fora da USP, e hoje conta com mais de 50 membros. “Não abrimos para os estudantes, porque entendemos que eles já possuem outros fóruns para se colocar”, diz Cardoso.

“Sabemos que nosso papel é pequeno, não temos grandes pretensões políticas. Queremos criar um canal de expressão e estamos tendo boas respostas, porque aspessoas querem falar”

O próximo debate está marcado para 11 de abril e será sobre a lei antiterrorismo.

 

Por Isabel Seta