Chuvas depredam a USP

Espaços enfrentam problemas com goteiras e infiltrações

Espalhar bacias, trocar de sala e conter goteiras. Essa cena se repete, em dias de chuva abundante, em diversos lugares da USP, como a FAU, ECA e CEPE, devido à má infraestrutura.

Buraco no teto do Núcleo de Artes Afro-brasileiras (foto: Joana Darc)
Buraco no teto do Núcleo de Artes Afro-brasileiras (foto: Joana Darc)

CEPE

No Centro de Práticas Esportivas (CEPE), os módulos, áreas onde estão quadras e tatames, são os mais prejudicados. Segundo o aluno Vinícius Rolim, que frequenta o local desde 2013, mesmo sendo um espaço coberto, em dias de chuva intensa é inviável usar os módulos: “Além de goteiras, há infiltrações que prejudicam a parte elétrica”.

Com os problemas, alguns jogos e treinos precisam ser transferidos para locais fora da USP, o que encarece as atividades, como conta Felipe Guimarães, membro da LAAUSP, liga que congrega as Associações Atléticas Acadêmicas de todas as unidades da USP.

A reforma do CEPE, no entanto, já tem data para ser iniciada. De acordo com o engenheiro Newton Macedo Borges Marçal, responsável pela obra, o novo projeto começa a ser executado no final de abril e tem doze meses para ser finalizado.

FAU

A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) enfrenta problemas com goteiras desde a concepção do projeto, diz a aluna Clara Chahin Werneck. “Mesmo com a reforma alguns deles não se solucionaram”, explica. “Antes da obra, finalizada em 2015, a situação era absurda, mesmo dentro do prédio era preciso usar guarda-chuva para se proteger das goteiras”.

Atualmente, a condição melhorou, mas ainda há problemas causados pelo próprio projeto arquitetônico. O teto é composto por domos, peças que precisam ser instaladas a uma certa distância do concreto da cobertura para permitir ventilação, criando um espaço pelo qual há passagem de água se a chuva for acompanhada por ventos fortes.

Segundo o Serviço Técnico de Infraestrutura da FAU, foram buscadas soluções para o problema, porém todas se mostraram paliativas até então. Garante que a mesma companhia que realizou a reforma em 2015 já foi informada e providenciará os consertos necessários.

Artes Afro-brasileiras

O Núcleo de Artes Afro-brasileiras também é prejudicado por goteiras e infiltrações. Ele ocupa um dos prédios nos barracões desde 2000, período de que datam as primeiras solicitações para que o local fosse reformado. Os pedidos, no entanto, nunca foram atendidos. A situação se agravou quando uma árvore caiu sobre o teto do local em 2013, quebrando várias telhas e causando rachaduras na parede.

“Nós demoramos dois anos para conseguir a remoção da árvore”, afirma Thiago Mendes, conselheiro do núcleo. Na ocasião, instrumentos, figurinos e móveis sofreram danos.

Até o fechamento desta edição, a prefeitura e a Superintendência do Espaço Físico não se manifestaram sobre a questão.

Mofo na sala da Atlética da ECA (foto: Joana Darc)
Mofo na sala da Atlética da ECA (foto: Joana Darc)

ECA

A Vivência da Escola de Comunicação e Artes (ECA) é mais um ponto que sofre com as chuvas e não apresenta solução próxima. No local estão as sedes da Atlética e do Centro Acadêmico da Escola, além da lanchonete. De acordo com Thiago Quadros, que compôs a antiga gestão da Atlética, uma série de materiais esportivos já estragaram em razão do mofo acumulado durante o período de férias. “Uma vez um pedaço do teto, com cerca de 10 cm de espessura, quase caiu na minha cabeça”, conta.

Há cerca de cinco anos parte do teto foi reformado e, na época, foram instaladas mantas contra infiltração. Mas muitos pontos voltaram a apresentar goteiras. No ano passado, um grupo de alunos conversou com a diretoria da ECA para solicitar a reforma do espaço, mas, sob o argumento de o prédio não pertencer oficialmente à USP, nada aconteceu. “Os alunos decidiram em assembleia ser contra a institucionalização do prédio, pois isso daria fim à autonomia que temos hoje”, explica Thiago.

A Assistência Administrativa da ECA afirmou que o local será inspecionado e um pedido de reforma será feito.

EACH

Os transtornos não se limitam ao Campus do Butantã. O prédio I1, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), onde são ministradas a maioria das aulas, é chamado de “Titanic” por alunos. “Quando chove, o piso térreo do prédio fica cheio de água”, diz a aluna Mayara Porto.

A Assessoria de Imprensa da EACH diz que o projeto do Prédio I1 possui estrutura aberta a fim de permitir maior entrada de luz. Para evitar o problema, seria necessário fechar toda a estrutura lateral, obra que está além da autonomia da unidade.

 

Por Joana Darc