Terceira idade se exercita no campus

Concorrido, curso de ginástica e musculação do CEPE promove convivência entre idosos

Duas vezes por semana, das 8h30 às 9h30, as turmas da terceira idade se reúnem na sala de ginástica e musculação da Raia Olímpica da USP para treinar com o professor Ricardo Linares Pereira, professor de educação física que há vinte anos se dedica a esse curso para a terceira idade. Os alunos se dispõem em colchonetes distribuídos ao redor do barco-escola no centro da sala. Suas idades variam de pouco mais de sessenta anos a mais de noventa. “E já tivemos muitos competidores, principalmente em atletismo, até internacionalmente”, diz Linares. O professor caminha pela sala, falando em voz alta os exercícios que os alunos deverão fazer de cada vez e fazendo a contagem dos movimentos. Quando necessário, para ao lado de algum aluno para corrigir sua postura ou o modo como o movimento é feito.


Idosos se exercitam no Centro de Práticas Esportivas (CEPE) no campus Butantã. (Foto: Felipe Marquezini)
Idosos se exercitam no Centro de Práticas Esportivas (CEPE) no campus Butantã. (Foto: Felipe Marquezini)

De acordo com Linares, os alunos da terceira idade são de um modo geral mais assíduos e interessados do que qualquer outro grupo. “Sempre se preocupam em avisar e justificar as ausências”. A grande maioria nunca havia praticado atividades físicas antes; começou na terceira idade, pela vontade de fazer um curso ou pela “necessidade”, como colocou d. Maria da Conceição Santos, de 90 anos. D. Maria da Conceição pratica há alguns anos, e há dois frequenta esse curso. Sua filha Suely dos Santos, 64 anos, funcionária aposentada da USP que já praticava musculação no CEPE, levava a mãe. Para que ela não ficasse sem o que fazer durante a hora de aula, Linares a convenceu a se juntar ao curso.

“A prática do curso traz vários benefícios: melhora de resistência, força, flexibilidade, circulação… mas o melhor benefício, o mais evidente, é o social”. Além das aulas, a turma realiza algumas excursões e confraternizações. “As nossas festas aqui são muito animadas”, diz d. Maria Requena, de 83 anos, frequentadora do curso há 5. “E o pudim que eu faço é sempre o primeiro prato a acabar”. Assistente de enfermagem, d. Maria trabalhou na USP por oito anos, e frequentava a Raia Olímpica quando o filho, hoje formado na Esalq, treinava remo. Mas só começou a praticar mesmo nesse curso. Conta que o treino a ajudou muito. “Eu tinha bastante cãibra, e com o curso isso passou totalmente”.

Alunos após aula de ginástica e musculação (Foto: Felipe Marquezini)
Alunos após aula de ginástica e musculação (Foto: Felipe Marquezini)

A aluna Aurora Piccin Pepe, de 74 anos, frequenta o curso há 20, desde o seu início, e o CEPE há 34, quando trazia o filho para atividades esportivas. Seu marido, Giuseppe Antonio Pepe, de 85 anos, juntou-se a ela no curso quando se aposentou como motorista. Aurora faz questão de acrescentar: “anote aí que o professor Ricardo é muito querido pela turma”. Os outros alunos concordam. Bem-humorados, o professor e os alunos se tratam com informalidade e leveza, durante a aula e depois.

“Não é necessário ter qualquer ligação com a USP para frequentar as aulas do curso”, completa Linares. “As vagas costumam esgotar no início do semestre, mas as inscrições podem ser feitas o ano todo”.  

Felipe Marquezini