Projeto traz idosos à sala de aula

O programa Universidade Aberta à Terceira Idade incentiva o estudo e atividades culturais
“Já fiz curso de fotografia digital, história da arte, cultura árabe, música popular brasileira.”, diz Leonete Ângela Cardoso, matriculada no programa desde 2013 (Foto: Bianka Kirklewski)
“Já fiz curso de fotografia digital, história da arte, cultura árabe, música popular brasileira.”, diz Leonete Ângela Cardoso, matriculada no programa desde 2013 (Foto: Bianka Kirklewski)

O programa Universidade Aberta à Terceira Idade vem, desde 1993, oferecendo atividades acadêmicas, culturais e esportivas para pessoas acima de 60 anos. Ao todo, mais de 100 mil idosos já passaram pelo projeto, que é executado em todos os campi da USP. Professora emérita do Instituto de Psicologia da USP, Ecléa Bosi é a idealizadora do programa. Ela conta que seu interesse pelo público mais velho surgiu após elaborar uma tese sobre memória e sociedade. “É um estudo sobre lembranças de pessoas idosas e a transformação da cidade”, diz. A psicóloga revela que o caminho para a criação do projeto foi simples: “Escrevi para os professores perguntando se eles aceitariam alunos da terceira idade. Quando eles responderam que sim, o projeto estava criado”.

Marisa Midori é uma das docentes que coopera com o projeto. A professora do curso de Editoração, da Escola de Comunicações e Artes, possui um grupo de idosos na disciplina que ministra, ‘História do Livro no Brasil’. Midori afirma que nenhum tipo de diferenciação é feita. “A turma anda bem, e são todos iguais. Não há distinção de idade”.

Uma de suas alunas é Nádia Dini, que participa do programa Universidade Aberta à Terceira Idade há três semestres. A senhora confirma não enfrentar dificuldades em lidar com estudantes mais jovens. “A interação com os alunos é boa, os meninos não têm nenhum preconceito com os mais velhos”. Formada em Estatística, Nádia conta que está feliz em poder retornar à Universidade. “Voltar para a USP depois de tanto tempo é bom. A gente se sente em casa”.

Lucas de Lima, estudante de 20 anos, cursa a mesma disciplina que Nádia e acredita que o convívio é enriquecedor. “A participação da terceira idade nas salas é boa porque muitos trazem vivências próprias e incluem muito nas aulas”.

Só no primeiro semestre de 2016, o programa ofereceu 534 atividades, que contaram com cerca de 2.500 inscritos. Ao longo dos 23 anos de história, o projeto teve a participação de mais de 100 mil idosos. Leonete Ângela Cardoso está matriculada em disciplinas desde 2013. A idosa, que é formada em Direito na São Francisco, busca matérias que fujam de sua área de graduação. “Já fiz curso de fotografia digital, história da arte, cultura árabe, música popular brasileira”, relembra.

O programa Universidade Aberta à Terceira Idade não consiste apenas em aulas de graduação. Leonete exemplifica outras atividades as quais já participou: “dentro do programa, tem um ciclo de palestras que é bem interessante para o pessoal que tem interesse em ler, ouvir alguma coisa, se atualizar”. As inscrições para o primeiro semestre de 2017 começam em fevereiro, e devem ser feitas pessoalmente no local onde a disciplina será oferecida.