2017 ou 1984?

É com muito orgulho que apresento a vocês, leitores, a nova equipe do JC. Os repórteres e editores que produzirão o jornal nesta e nas próximas sete edições fazem parte da turma de ingressantes de 2015 no curso de jornalismo (noturno). Estamos todos empolgados e um pouco nervosos, já que este é um dos grandes laboratórios do curso. Sentimos o peso da responsabilidade de fazer um jornal para estudantes, professores, funcionários e usuários da USP, e é por isso que a capa desta primeira quinzena nos deu bastante trabalho.

Em meio a tantas questões enfrentadas pela Universidade, como escolher apenas uma para protagonizar a capa? Foi assim que em nossa reunião de pauta surgiu a ideia de falarmos um pouco de tudo, mas sem esquecer o fio condutor que deveria reger a edição: o que está acontecendo com a USP?

Foi aí que lembramos de Aldous Huxley, George Orwell, Ray Bradbury e tantos outros autores de distopias aclamadas pelo público. Sendo Admirável Mundo Novo ou 1984 a sua obra preferida, caro leitor, o que queremos questionar é a relação entre o poder e os problemas que permeiam nossa amada Universidade.

Na editoria de Esportes, por exemplo, as obras incompletas do Cepe nos levaram a pensar: o que aconteceu com o dinheiro destinado a elas? Virou grade? Virou catraca? Já em Cultura e em Ciência fizemos uma reflexão sobre como o mundo “lá fora” afeta os grafittis da USP, e debatemos a presença de mulheres nas pesquisas acadêmicas.

Nesta edição também tivemos o desafio de entrevistar aqueles que estão sendo afetados direta ou indiretamente pelas medidas tomadas pelo “Grande Irmão” uspiano, a.k.a. a Reitoria. Dentre as personagens que encontramos está Dona Monyca, proprietária de uma lanchonete situada na vivência da Escola de Comunicações e Artes. A pequena empreendedora contou que após a implantação da grade que cercou a ECA, as vendas caíram quase 40% (!).

Entretanto, não foi fácil encontrar muitas pessoas dispostas a falar. Espero que você compreenda, querido leitor, que não são todos os trabalhadores e alunos da USP que estão dispostos a se posicionarem contra (ou a favor, nunca se sabe) as colocações da Reitoria. Portanto, também gostaria de fazer uma agradecimento especial a todos aqueles que aceitaram conversar com o JC em meio a tempos tão conturbados.

Vale lembrar que não temos a intenção de responder a todas as perguntas sobre o que está se passando na Universidade, mas de tentar fomentar e qualificar o debate sobre o que está acontecendo com esta instituição de ensino. Espero que gostem!