Equipamentos da TV USP ainda não foram aproveitados

Alterações na estrutura do canal dão nova dinâmica às produções institucionais

Por André Siqueira

Após o fim do contrato de aluguel do Canal Universitário, um espaço que dava voz a iniciativas de universidades como USP, Unip, PUC e Mackenzie, em dezembro de 2015, a TV USP passou por reestruturação de equipamentos e pessoal. A migração para a internet, o subaproveitamento de aparelhos e uma negociação para a utilização desses equipamentos são alguns dos desdobramentos da mudança.

A mudança de prédio impactou a produção do veículo. Em um primeiro momento, os estúdios da TV USP se localizavam no prédio da reitoria que, após ser reformada, fez com que as instalações do veículo migrassem para a Rádio USP, em um espaço adaptado para conciliar as rotinas das duas plataformas. Com a redução das atividades da TV, os equipamentos que se encontravam na Rádio foram armazenados. Por outro lado, a redução do quadro de funcionários, somado à reformulação da programa, diminuiu a demanda por aparelhos, que foram armazenados em uma sala.

Como consequência destas mudanças, a produção do veículo migrou para a internet, com o conteúdo disponibilizado no site do Jornal da USP e no canal TV USP, no YouTube. Professor de Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes (ECA), Luiz Fernando Santoro acredita que um dos motivos que contribuíram para essa situação foi a ausência de uma função clara. “Apesar de possuir alguns programas interessantes, a TV USP não tinha grande impacto entre estudantes, professores e funcionários’’, declarou. O docente acredita que a programação digital pode ser uma boa alternativa. Neste sentido, Santoro acrescenta que a qualidade dos equipamentos não influi de maneira significativa. ‘’Essa questão é secundária, já que a TV já realizou transmissões via internet com a tecnologia disponibilizada’’, analisou. Nesta nova fase, a fim de dar maior visibilidade às iniciativas do veículo, uma alternativa que poderia ser incentivada pela Superintendência de Comunicação Social (SCS) é a divulgação da TV e de suas atividades no meio digital.

Sobre o material guardado na Rádio USP, Luiza Caires, da SCS, disse que ‘’os equipamentos estão, em sua maioria, obsoletos’’. Mesmo assim, Santoro conta que o Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE) tem interesse de utilizar os aparelhos e que há uma negociação em curso com a SCS. O docente conta que formalizou uma proposta à SCS no meio do ano, mas que até o presente momento não obteve resposta. ‘’Gostaríamos de assimilar os equipamentos e colocar nossos estúdios à disposição, para projetos em horários ociosos’’, disse. Um funcionário que não quis se identificar acredita que os equipamentos podem ser úteis ao Departamento. ‘’Em vista do que tem aqui, onde quase tudo é analógico, podemos aproveitar muita coisa, a estrutura é boa’’, disse o servidor. Ele citou, ainda, que na ECA há câmeras semelhantes às utilizadas em grandes emissoras que não estão à disposição dos alunos. A dificuldade na operação, que demandaria o auxílio de técnicos, é um dos argumentos utilizados para justificar a falta de uso. Consequentemente, iniciativas acadêmicas acabam sendo inviabilizadas e, com o subaproveitamento, em um curto período de tempo, estes equipamentos se tornarão obsoletos.

Santoro analisou, ainda, como a falta de diálogo entre departamentos da Universidade dificulta uma parceria para criação de conteúdo. “Temos Educomunicação, Rádio e TV, Audiovisual, todos com pequenas estruturas que poderiam conversar entre si para elaborarem projetos em comum’’, comentou. E ainda completa que a falta de uma política desta natureza dentro da USP é um dos fatores que contribui para o subaproveitamento de espaços e iniciativas não somente nas unidades de comunicação, mas dentro de toda a Universidade.