FMUSP leva jornalismo científico para secundaristas

O projeto é realizado em escolas públicas e oferece aos estudantes contato com a profissão e com a pesquisa

Por Dado Nogueira

De 8 de agosto a 26 de setembro, a Faculdade de Medicina da USP promoveu a segunda edição da ‘Oficina Introdução ao Jornalismo Científico’ no Colégio Fernão Dias Pais, na Zona Oeste. O intuito do projeto é promover o contato de alunos do ensino médio de escolas públicas com a abordagem do jornalismo científico. Organizada pela professora Verônica Coelho, a Oficina consistiu em encontros semanais realizados às terças-feiras, das 9h30 às 11h30, e foi um braço do Projeto Imunologia nas Escolas, também da FMUSP.

(Foto: Verônica Coelho)

Imunologia nas Escolas

O Projeto, iniciado em 2010, é realizado pelo ‘Instituto de Investigação em Imunologia – Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (iii-INCT)’ em parceria com escolas públicas de ensino médio da cidade São Paulo. A cada ano, o projeto é feito com uma escola, e tem intenção principal de aproximar os estudantes do método de pesquisa científica acerca do tema da imunologia, por meio de atividades e encontros mensais entre os alunos e professores. Todos os alunos de primeiro ano da escola parceira participam do projeto ‘Imunologia nas Escolas’.
Ao fim do ano letivo, o Imunologia nas Escolas também oferece a chance aos alunos interessados em participar do programa de Pré-Iniciação Científica, onde fazem parte de uma pesquisa junto a um aluno de pós-graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado.

Ao todo, 16 alunos participaram dos encontros, sendo 13 do ensino médio (participantes do Imunologia nas Escolas) e 3 alunos da pós-graduação da USP. Para Verônica Coelho, coordenadora do projeto, os benefícios são muitos não só para os secundaristas, que estabelecem um primeiro contato com a profissão e com a pesquisa científica, mas também para os alunos de pós. “Os estudantes de pós-graduação estão tão imersos na pesquisa, que deixam de pensar como aquilo foi construído. Não se discute a beleza da pesquisa e cria-se caixas pretas. O projeto dá uma chacoalhada na cabeça deles”.

A Oficina foi ministrada pela jornalista científica Patrícia Santos, graduada em jornalismo e mestre em divulgação científica pela Unicamp. As principais atividades realizadas com os alunos são análises críticas de publicações científicas de revistas e sites, além de exercícios práticos de produção jornalística, como escrita, linguagem, técnicas de entrevista, checagem de fatos e fotografia. Como projeto conclusivo da Oficina, são produzidas matérias científicas a partir de entrevistas realizadas com um cientista a respeito de um tema escolhido pelos participantes.

Na Oficina desse ano, além das temáticas da imunologia já contidas no projeto e das entrevistas com jornalistas científicos, os alunos optaram por abordar o suicídio e a depressão entre adolescentes. Segundo a coordenadora, o projeto mostra um novo horizonte de possibilidades aos alunos. Um dos participantes, conta Verônica, pensa, inclusive, em seguir uma carreira fotojornalística no futuro. “O entusiasmo deles é muito bacana de se ver”.