Candidatos à Reitoria apresentam suas metas

Primeiro debate aconteceu no Campus de São Carlos e girou em torno de quatro questões centrais

Por Luís Henrique Franco

Na quinta-feira, dia 5 de outubro, foi realizado, no Campus de São Carlos, o primeiro debate entre os candidatos à Reitoria da USP, no qual foi dada a chance aos candidatos de exporem e explicarem algumas das principais ideias de seus programas. O JC selecionou alguns dos principais pontos discutidos e abordados por cada um dos concorrentes.

Sustentabilidade financeira da Universidade

Vice-reitor da atual gestão, Vahan Agopyan reconheceu que houve um período de descontrole, mas afirmou que a USP já está em um processo de recuperação. “Nós temos que continuar mantendo um rigoroso controle de nossas finanças”, explicou. Maria Arminda criticou a “financeirização” que faz cortes nos gastos sem pensar a questão humana da universidade. “As propostas que envolvem políticas sociais, como o HU e as creches, devem ser repensadas, não cortadas”. Já Ildo Sauer acredita que é preciso mudar de visão e defendeu o diálogo com o Estado e com a comunidade para combater a crise. “Não podemos proclamar que o maior valor da USP são seus recursos humanos e achar que a retribuição a eles não deve ser instrumento fundamental da gestão”. Ricardo Terra, por sua vez, pensa que a questão salarial depende muito do funcionamento da economia e afirma que “não é necessário que a folha de pagamento de um hospital como o HU recaia sobre a universidade, podendo muito bem ser função do Estado”.

Inclusão Discente e Políticas de Cota e Permanência

Apesar de considerar a entrada da USP no Sisu como uma vitória, Vahan acredita que ainda há uma enorme luta a ser travada para promover a melhora no acolhimento e na permanência dos estudantes. “O avanço foi possível porque se respeitou a diversidade”, disse. Maria Arminda afirmou que não devemos temer a inclusão, e que ela envolve cooperação e política institucional. Ildo Sauer concordou e ressaltou que inclusão não é o bastante. “Temos que trabalhar novas alternativas de permanência estudantil, talvez ampliando o modelo de autogestão”, sugeriu. Ricardo celebrou essa inclusão como uma vitória, mas alertou para a necessidade futura de a USP ter que trabalhar com alunos talentosos, mas com uma formação mais precária.

Impactos sociais da pesquisa na USP

Vahan defendeu a promoção da pesquisa interdisciplinar como forma de atuar em áreas diversas e levar à sociedade o que a Universidade tem de melhor. Maria Arminda fslou da necessidade de se apreender a diversidade de dados de cada área e defendeu a relação entre pesquisa e ensino que, segundo ela, é o maior diferencial da universidade. Já Ildo afirmou que “a USP precisa usar de suas capacidades internas para resolver os problemas e usar seus campi como laboratórios de demonstração de soluções para a sociedade”, enquanto Ricardo disse ser necessário criar mecanismos de troca de tecnologia e políticas públicas entre a sociedade e o Estado e defendeu a pesquisa fundamental como núcleo da universidade. “A USP perdeu o protagonismo porque ela parou de se inovar”.

Transparência e Diálogo

Para Vahan, a USP já pratica a transparência com reuniões disponíveis on-line , mas afirmou que “democracia não é a imposição dos grupos minoritários, mas a compactuação de toda a comunidade”, e propôs que todos participassem da elaboração das regras da USP, não só a Reitoria. Maria Arminda falou da proposta da USP republicana de seu projeto, “voltada para os valores de coletividade”, e afirmou que não deve haver debate vedado, mas a discussão de temas centrais entre toda a comunidade. Ildo defende que todos devem saber o que precisa ser feito. “A essência da universidade é convivência com situações de mérito e a capacidade de ouvir”, completa. Já Ricardo, apesar de defender a transparência, critica a espera por consenso de todos os grupos. Segundo ele, a universidade é lugar de dissenso, e assim deve ser mantida para que se possa avançar.

Conheça algumas propostas das chapas concorrentes

USP: excelência para a sociedade 

Vahan Agopyan / Antonio Carlos Hernandes

  • Manter e melhorar o programa de apoio aos jovens docentes
  • Estimular a vivência discente nos campi da USP
  • Garantir condições de formação e pesquisa equivalentes às melhores universidades do mundo
  • Concretizar e estender a iniciativa Inova USP
  • Estabelecer convênios com o Estado de São Paulo, municípios e escolas para aumentar a inserção dos estudantes universitários nas escolas públicas

A USP é maior que a crise. Por uma universidade renovada 

Maria Arminda do Nascimento Arruda/ Paulo Borba Casella

 

  • Pensar a graduação frente aos novos atores sociais trazidos pelo processo de inclusão
  • Institucionalizar a internacionalização
  • Ampliar o intercâmbio de discentes e docentes
  • Repactuação entre a USP e o Estado de São Paulo no tocante à estabilidade orçamentária
  • Manutenção das creches e da Escola de Aplicação, além de preservar a manutenção do HU como órgão de formação qualificada

Por uma USP Participativa

Ildo Luís Sauer/ Tercio Ambrizzi

  • Estimular a inserção de estudantes em atividades de Iniciação Científica
  • Transparência dos órgãos centrais através da apresentação de quadros mensais relativos ao total das despesas
  • Incrementar o número de consultas eletrônicas à comunidade
  • Fortalecer ações que evitem o assédio e a violência física e psíquica
  • Buscar recursos para garantir a sustentabilidade da inclusão social e permanência estudantil

USP: Autonomia com Soluções Inovadoras

Ricardo Ribeiro Terra/ Albérico Borges Ferreira da Silva

  • Recuperar o mérito como valor essencial
  • Reconhecer a autonomia universitária
  • Internacionalização como ferramenta para a transformação da gestão na pesquisa, no ensino e na extensão e na burocracia administrativa
  • Estabelecer o sistema de comitê de busca para a escolha de dirigentes da universidade
  • Estruturação que livre a instituição da “pesada estrutura de funcionários em excesso e de processos obsoletos”