Quem apita na InterUSP é uma mulher

Trabalho da nova presidente é como bater escanteio e correr para cabecear na pequena área

Por Rafael Paiva

Foto: Denys Flores

Atual presidente da Comissão Organizadora (CO) da InterUSP, Fernanda Ferrari lida com três desafios, no mínimo: organizar um torneio sustentável, fortalecer a Comissão Anti-Opressão (CAO) e competir. Eleita em novembro de 2017 para o cargo tradicionalmente ocupado por homens, a estudante do quarto ano de Farmácia e Bioquímica rala em distintas frentes.

Reuniões com instituições para a definição de cada aspecto do evento, como arbitragem, fisioterapia, aplicativo, cobertura fotográfica, entre outros, fazem parte da sua rotina. “Demanda bastante tempo. É necessário que você esteja disponível para resolver e começar novas tarefas, independente do período do dia”.

O tamanho da responsabilidade da presidente é proporcional à dimensão da competição. Na 34ª InterUSP, nove Atléticas se enfrentarão em busca do título, sendo as oito componentes da Liga (Farmácia, Odontologia, Politécnica, Medicina Pinheiros, Medicina Ribeirão, ESALQ, FEA e São Francisco) e uma convidada (Engenharia de São Carlos).

Trajetória

A relação de Fernanda com o esporte universitário remonta à sua entrada na Universidade, em 2015. No primeiro ano, competiu pelas equipes de vôlei e rugby tanto na InterUSP quanto em torneios semestrais (LAAUSP e NDU). O envolvimento com a gestão da Associação Atlética Acadêmica Farmácia e Bioquímica (AAAFB) foi rápido. Ocupou o posto de diretora de Patrocínio em 2016 e de vice-presidente da entidade no ano seguinte.

Embora não tenha sofrido atos discriminatórios desde sua inserção entre os atletas e diretores, a presidente acredita que o círculo esportivo permanece machista. “Em todos os ambientes, no Brasil e no mundo, a mulher tem muita dificuldade de ocupar espaços e exercer cargos que são culturalmente ocupados por homens. O esporte universitário não foge disso. A presença feminina, apesar do crescimento exponencial dos últimos anos, encontra muitos obstáculos no caminho”.

À medida que a competição se aproxima, mais contratempos surgem e a pressão aumenta, sobretudo porque a presidente é também competidora. Como na InterUSP os integrantes da CO têm direito de disputar o torneio, Fernanda jogará pela equipe de voleibol da sua Atlética.

Questão social

A presidência atual pretende fortalecer a Comissão Anti-Opressão. Presente na 33ª InterUSP, disputada em São Carlos, a representação contra a intolerância, segundo Fernanda, cometeu falhas logísticas.

O aumento na conscientização antes das disputas e a colocação das problemáticas em estatuto estão entre as pautas de melhoria para o evento.

Os casos de opressão serão analisados e julgados, em reuniões ao longo do torneio. As punições para cada tipo de arbitrariedade, seja de gênero, religiosidade, cor ou sexualidade, ainda não foram definidas.

O rugby feminino, diferente do ano anterior, deixará de ser uma modalidade demonstrativa e entrará no cômputo final. Até o fechamento deste JC, a cidade-sede não tinha sido divulgada.

A premiação ficará com a equipe que conseguir o maior número de pontos entre as 25 modalidades. A competição ocorre tradicionalmente durante o feriado prolongado de Corpus Christi, que este ano acontecerá entre 31 de maio e 03 de junho.