Catracas proliferam nas entradas dos prédios da USP, apesar de crimes ocorrerem do lado de fora

O funcionamento das catracas varia entre as unidades – quando chegam a funcionar

Por Bruno Nossig

Catraca na entrada de prédio da Universidade de São Paulo (Foto: Bruno Nossig)

Discutidas desde 2011, aprovadas em 2013, instaladas na entrada da FEA-USP  na Semana da Pátria de 2015 e finalizadas nas férias de 2018, as catracas finalmente devem funcionar neste semestre. A Universidade, que criticou o uso de catracas no vestibular de 2005 pautando a “descatracalização”, tem cada vez mais esses instrumentos para garantir a segurança, embora os maiores e mais graves registros ocorram do lado de fora dos prédios.

Na USP existem diferentes regras para o funcionamento das catracas. Para proteger seus equipamentos, o ICB-USP e a Faculdade de Odontologia pedem o cadastro de qualquer visitante ou aluno que não seja das respectivas unidades. Na Faculdade de Ciência Farmacêuticas, o acesso é mais restrito. Na entrada dos blocos é invariavelmente requerida “a carteirinha”. Apenas as autorizadas têm acesso ao prédio. “Antes eu não poderia entrar no bloco 17, a partir do momento que fui vinculado a ele, tive acesso”, afirmou um estudante.

O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG-USP) e o Instituto de Geociências (IGC-USP) permitem o acesso  liberado ao estudante com um toque da “carteirinha” no sensor. A diferença é para o acesso de visitantes: o primeiro pede a apresentação de um documento com foto para o cadastro, enquanto o IGC-USP solicita a assinatura em um “caderninho”, como disse a segurança da portaria. 

Existe também a chance das catracas não estarem funcionando, como no Instituto de Oceanografia, que permite o acesso livre. “Nos dois anos que estive aqui, nunca vi essas catracas funcionando”, afirmou uma segurança ao JC. Algo parecido acontece na Escola de Enfermagem: apesar das catracas funcionarem, existe uma guarita que permite o acesso fácil, aberta durante os finais de semana, quando poucos guardas estão na unidade.

FEA, posso entrar?

Sem muitas informações ainda, uma segurança comentou que não sabia quando e como as catracas da FEA funcionarão. “Eu não sei se isso acontecerá algum dia”, adicionou outro segurança. Ainda sem funcionar, elas custaram caro. O gasto com as seis catracas da porta principal ficou próximo a R$ 83 mil, muito maior que os R$ 15 mil gastos nas cinco catracas da EERP-USP. O total da despesa da FEA ainda não foi revelado. Será adicionado o gasto com as “borboletas”, o modelo instalado na parte de trás da unidade, e com a instalação das três câmeras de vigilância.

De acordo com dados da Superintendência de Segurança da USP, no Instituto de Química (IQ-USP), onde as catracas funcionam perfeitamente, a quantidade de casos de furtos qualificados são muito similares à FEA-USP, onde elas ainda não funcionam. Dentro do prédio do IQ-USP foram registrados oito casos de furtos qualificados desde 2015, enquanto na Faculdade de Economia e Administração são nove. Do lado de fora, onde não existem catracas, o número dobra: nas proximidades da Química, são 24 ocorrências de furto qualificado, enquanto nas proximidades da FEA foram 16 casos.

A colocação das catracas na FEA não é alternativa para impedir o tipo de crime que teria motivado sua instalação: o assassinato de um aluno no estacionamento da faculdade, em 2011. Apesar do diretor da FEA, Fábio Frezatti, ter alegado que não colocaria catracas em funcionamento durante a Semana da Pátria deste ano, os alunos temiam que isso acontecesse. “A instalação foi feita nas escuras, o medo é que a implementação seja também”, afirmou Francisco Gremaud, graduando em economia.