Isso não é muito importante

Ilustração: Kenji Lambert

Por Bruno Menezes

Um professor meu disse que é incabível tentar escrever uma crônica se você nunca leu uma de Rubem Braga, Machado de Assis e Luis Fernando Veríssimo. Não, não foi de um jeito amigável e muito menos didático. Foi bem ameaçador, na verdade.

Ele falava sobre um caso de uma crônica que deu uma repercussão negativa muito grande, mas isso é assunto pra outra hora. Ah, eu já falei que isso foi minutos depois de eu me candidatar pra escrever esta crônica? E você acha que eu já li algum deles? Pois é. Mas isso também não é o importante no momento.

 

 

Aquilo me fez pensar bastante, afinal não é como se eu tivesse algo melhor pra fazer naquela hora. Eu odeio quando alguém diz que você não pode ser x se você não fizer y. Ou que você não pode fazer y se não souber z. Mas tudo bem, porque não é nesse ponto que eu quero chegar.

Esse tipo de exigência me lembra os tempos de engenharia. Lá tinha sorte quem só era pressionado pelos professores, porque na verdade o pior vinha de quem estava sentado do seu lado. A competição e a busca por ser o melhor eram tão intensas que era impossível fazer um trabalho em grupo e não colecionar alguns inimigos. Eu ainda tenho dois.

Mas a engenharia já se foi há algum tempo e não tem porque ficar remoendo o passado. Até porque eu saí dessa até que bem, ainda estou inteiro. Eu não faço ideia de como fui de uma simples declaração do professor até aqui, mas de alguma forma me vieram todos aqueles casos de suicídio que aconteceram na USP nos últimos tempos. E tudo por causa disso: a pressão na faculdade.

É triste quando se pensa que aquelas pessoas tinham acabado de alcançar uma das maiores conquistas de suas vidas. É triste porque era principalmente naquele lugar que elas deveriam se sentir mais acolhidas e felizes. É triste uma vida acabar porque as pessoas precisam se meter na vida uma das outras.

Do que eu estava falando mesmo? Enfim, eu até queria dizer mais sobre o assunto, mas isso não é importante agora. Eu não tenho tempo. Preciso ler Braga, Assis e Veríssimo.