Cooperação internacional não é apenas sobre intercâmbios

Por Ana Carolina Cipriano

A USP é uma das instituições de ensino superior com um dos maiores programas de mobilidade internacional da América Latina. Além da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (AUCANI), a universidade conta com escritórios em cada unidade.

Os convênios firmados entre a USP e universidades estrangeiras através de editais da AUCANI chegam a cerca de mil e são conhecidos como convênios “guarda-chuva”, disponibilizados para toda a universidade.

Arte: Laís Trovarelli

Os programas firmados por cada unidade são específicos e relacionados aos cursos do instituto. Nesse caso, as vagas são disputadas entre os próprios alunos da unidade, sendo responsabilidade dos docentes estabelecer convênios com as instituições estrangeiras.

Na Universidade Federal do ABC (UFABC), a mobilidade se dá também através de professores com projetos de pesquisa conjuntos com docentes de instituições estrangeiras. O mesmo acontece no Instituto de Relações Internacionais (IRI) e na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA).

Wilton Oliveira, chefe administrativo da Comissão de Cooperação Internacional  (CCInt) da FEA, explica que a partir de 2010 aumentou a preocupação com a internacionalização da universidade, por ter se tornado um pilar estratégico, gerando estatísticas positivas.

Durante esse período, a USP teve seu auge de internacionalização, com facilidades para os docentes realizarem experiências internacionais. Segundo a professora Maria Antonieta Del Tedesco Lins, presidente da Comissão de Cooperação Nacional e Internacional do IRI (CCNInt), “muita gente viajou com bolsa”.

Ninguém se arrepende

Além da importância para os intercambistas, a internacionalização permite que a instituição se projete no exterior. Celí Matsumaru responsável pela CCNInt-IRI enxerga a internacionalização da USP através dos estrangeiros. “Eu sempre pergunto para eles porque escolheram vir para a USP e eles falam que é muito bem conceituada. É interessante o nome que a USP tem lá fora”.

Essa internacionalização pode ser vista também do ponto de vista da AIESEC, uma organização mundial de liderança jovem, com escritórios espalhados por todo o mundo, que tem o intercâmbio como objetivo principal.

Matheus Dutra, aluno de Economia da FEA e presidente do escritório da cidade universitária, realizou um intercâmbio para o Egito em 2016. Ele contabiliza vantagens como  o autoconhecimento adquirido, o choque cultural e a quebra de preconceitos. Giovanna Mendes, diretora de intercâmbio do escritório, fez a mesma viagem seis meses depois e o modo como se enxerga como cidadã mudou completamente.

Outras mobilidades

A UFABC apresenta uma visão muito parecida à uspiana no sentido de cooperação internacional. A internacionalização é um de seus pilares.

A instituição ainda reconhece que é preciso investir mais em eventos que mostrem aos alunos e docentes as possibilidades de mobilidade. Esse é um dos diferenciais do IRI. Por se tratar de um instituto pequeno e focado em relações internacionais, existe a cultura de se falar sobre essas possibilidades de maneira recorrente.

Para Thaise Desirree, Agente de Relações Internacionais da Comissão de Relações Internacionais da ECA (CRInt), esse tipo de experiência permite que “você saia da sua caixinha, o nosso universo, você vai para fora viver outra realidade, com pessoas que tem visões de mundo diferentes.”

A atual crise na universidade impactou diretamente os programas de mobilidade, dificultando a formalização de convênios entre as instituições. Para Thaise, Desirree, “com a crise, os professores estão desmotivados, principalmente na ECA. Está faltando uma motivação nas pessoas, de ir atrás de inovar, porque a gente sabe que está todo mundo sobrecarregado, então essa é a questão.”