O espaço dos nãos

Na edição passada do Jornal do Campus, conheci a história de João Rodrigues. Classificado como perfil 1 no Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil, ele devia ter prioridade máxima no recebimento de recursos para se manter na faculdade, como o acesso à moradia estudantil. Infelizmente, João não pôde realizar o sonho de estudar na USP. Ele diz na reportagem que a Superintendência de Assistência Social (SAS) não deu nenhuma garantia sobre o auxílio. Sem condições de se manter em São Paulo, teve que abandonar o curso de Administração.

Foto: Reprodução

Achei interessante a iniciativa do JC de procurar entender quais são os problemas enfrentados pela SAS atualmente, ouvindo testemunhos de funcionários que preferiram o anonimato, mas só isso não basta. A SAS precisa ser procurada formalmente. É dever do jornalista cobrar uma resposta, mas isso também não aconteceu na reportagem sobre a precariedade das instalações do Conjunto Residencial da USP (Crusp). Entendo que a proposta da matéria era diferente, misturando relatos em primeira pessoa, por isso a resposta da SAS (ou a falta dela) poderia ter sido colocada num box ao lado, por exemplo.

Só na reportagem sobre o fim do bilhete estudantil para moradores do Crusp  a procura foi expressa no texto: “A SAS foi procurada pela reportagem, mas até o fechamento da edição, não se pronunciou”. É preciso dar grande exposição à falta de respostas das instituições. Em algum momento na matéria sobre a SAS, um funcionário anônimo diz que os reitores não acreditam ser uma atribuição da USP garantir a permanência de alunos na universidade. Nesse caso, seria interessante ouvir o que o próprio reitor tem a dizer sobre isso.

Quem sabe ao evidenciar a falta de respostas, os dirigentes da USP se sintam pelo menos constrangidos ao negligenciar a transparência na relação com seus alunos.