O bom filho à casa torna.. e doa

Poli, FEA, Faculdade de Direito e outras unidades têm projetos financiados por ex-alunos

Por Amanda Capuano

Ex-alunos de unidades da USP oferecem apoio financeiro para novos alunos. Crédito: USP Imagens

Desde o início do ano, o congelamento da verba destinada à educação pública tem sido pauta constante no noticiário. Em um cenário em que estudantes e pesquisadores são deixados à própria sorte pelo governo, o amparo financeiro de ex-alunos pode ser uma alternativa de socorro aos desassistidos.

Lançado em 2013, o Fundo Patrimonial Amigos da Poli surgiu com o intuito de apoiar projetos de estudantes e docentes da Escola Politécnica. Desde então, financiou 113 iniciativas e soma R$ 2,9 milhões em assistência financeira. A instituição abre um edital por ano e atende projetos baseados em quatro pilares: inovação, contribuição para a formação, impacto na comunidade e sua continuidade. A seleção é feita em duas fases – a primeira, realizada online, e a outra, por meio de uma banca avaliadora. Ambas têm como base os critérios pré-estabelecidos.

O aluno Cauê Muriano foi assistido pela iniciativa em 2013, em um projeto da ThundeRatz, equipe de robótica da Poli. O apoio se repetiu em 2014, com um investimento de 30 mil para o desenvolvimento de um robô de combate o Apolkalipse. Dois anos depois, o projeto deu à equipe o título do campeonato mundial da RoboGames, maior competição de robótica do mundo. Desde então, o jovem se dedica como voluntário, e não pretende desligar-se depois de formado quer que outros estudantes desfrutem de oportunidades como a dele.

Iniciativa semelhante está em formação na FEA, que acumula R$ 717.316 em seu Fundo. Segundo a assessoria, o primeiro edital será aberto em 2020. A ideia é utilizar os rendimentos da aplicação para financiar projetos de ensino e pesquisa. O aporte pode ser feito por pessoas físicas em forma de doações, ou por pessoas jurídicas, com patrocínio.

Outra modalidade de auxílio são órgãos como o Arcadas, a  Associação de Antigos Alunos da Faculdade de Direito. Neste ano, a instituição liberou verbas para a reforma da Sala dos Estudantes, local simbólico por ser palco da luta estudantil em momentos históricos, como a resistência à ditadura. “Essa sala é especial porque é a única que os próprios alunos tomam conta por intermédio do centro acadêmico”, conta Mateus Fraga, membro do C.A XI de Agosto. O aluno ainda completa: “Em uma conjuntura de retirada de espaços estudantis, isso é bem interessante.”

Fundo banca reformas na SANFRAN

Por Beatriz Crivelari

A Faculdade de Direito da Universidade passa atualmente por uma série de reformas. A primeira, no porão da faculdade, espaço de convivência dos alunos, sofreu um princípio de incêndio no início do ano. Busca-se conseguir aprovação e apoio da Prefeitura para a revitalização do entorno da faculdade. Duas outras reformas buscam outros tipos de financiamento para serem realizadas: no caso do reparo na Sala dos Estudantes, local histórico que conectava a faculdade com o porão como rota de fuga na época da ditadura, utiliza recursos da Associação dos Antigos Alunos. Já a diretoria da Casa do Estudante, que recebe graduandos de fora da capital sem condições de custear moradia, busca autorização para utilizar verba do Fundo do XI – fundo de investimentos que tem como acionista o Centro Acadêmico XI de Agosto –  para parte da reforma do prédio.