HU contratará profissionais temporários por até dois anos

Vagas são divididas entre nível técnico e superior e salários chegam a mais de R$ 7 mil; contratos temporários geram polêmica

Por Diego Bandeira

Crédito: Marcos Santos/ USP Imagens

O Hospital Universitário (HU) da Universidade de São Paulo (USP) publicou editais para contratação de 155 novos funcionários temporários, com contratos de duração de um ano e possibilidade de renovação por mais um ano. As vagas são destinadas a profissionais com nível técnico e superior e os salários variam de R$ 4080,10 à R$7672,17.

Os processos seletivos preveem a contratação de 64 técnicos em enfermagem, quatro técnicos de laboratório, 24 enfermeiros, três nutricionistas, dois fisioterapeutas, dois terapeutas ocupacionais e mais três farmacêuticos. Os dois primeiros terão vencimentos de R$ 4.080,10, enquanto os demais receberão R$ 7.672,17 mensais. 

As demais vagas são destinadas a médicos de diferentes áreas de especialização – ortopedia, anestesia, obstetrícia, ginecologia, cirurgia geral, pediatria, terapia intensiva infantil, neonatologia, radiologia e otorrinolaringologia – com remuneração de R$ 7.672,17. 

Temporário é paliativo

Em crise há algum tempo, o HU terá um aumento de 40% em sua capacidade de atendimento com a entrada de 155 novos profissionais. Com essas vagas temporárias a solução pode durar, no máximo, dois anos.

De acordo com nota da reitoria, “os R$ 40 milhões liberados por meio de emenda parlamentar da Assembleia Legislativa estão sendo aplicados para a contratação de pessoal e para as despesas de custeio, incluindo manutenção do hospital. As contratações estão sendo feitas de forma temporária, pois trata-se de verba extra-orçamentária concedida à universidade. Com a recomposição do quadro de profissionais de saúde o Hospital passará a atender com a sua capacidade plena.”

O tema segue controverso. Para Santana Silva, membro e coordenador do Coletivo Butantã na Luta, essas contratações representam um importante avanço para o Hospital, mas também contam com alguns pontos negativos: “É um avanço extraordinário com relação a recomposição do HU. Entretanto, nós temos algumas restrições com as contratações temporárias. Essas contratações fogem do perfil do Hospital e não vão obter o mesmo resultado no tripé do HU: ensino, pesquisa e extensão. O ideal seriam contratações na carreira USP, por concurso público”.

“Duzentena”

Além disso, existe uma cláusula de restrição nos editais chamada “duzentena”. Essa cláusula faz com que o HU tenha de esperar 200 dias após o término de contrato dos profissionais temporários para, se for o caso, efetuar a renovação por mais um ano.

“Isso é péssimo. É uma atitude da Reitoria que quebra uma possível continuidade desses profissionais e sua interação com o Hospital dentro desse tripé de ensino, pesquisa e extensão, que é o caráter efetivo e estatutário do HU”, explica o coordenador do Coletivo.  

“É um avanço, uma brecha que se abre dentro da conjuntura atual e da intransigência da Reitoria e do CO em não contratar. Também é um avanço na questão do desmonte dos hospitais universitários. Pois todos hospitais universitários vêm sofrendo com isso, não é apenas o HU”, finaliza.