A Festa do lado de fora

Vendedor de usados montará banca com amigos na entrada de tradicional feira de livros

Por Larissa Silva

Eliberto Navarro vende livros usados na USP há 10 anos. Foto: Marcus De Rosa/ Jornal da USP

Saindo da Travessa C, onde está instalado a Festa, e passando pelo corredor estreito ao lado do Restaurante Central, é fácil encontrar o ano inteiro livros organizadamente colocados lado a lado, preenchendo algum banco que muitos estudantes só frequentam na hora do almoço. 

Os livros, alguns com marcas do tempo, ficam expostos e atraem a atenção pelas capas e pelos clássicos. Eles são vendidos por Eliberto Navarro, que trabalha há 10 anos com vendas de livros usados na USP, a maioria na faixa de 5 a 20 reais: “Eu me mantenho vendendo livros, mas está uma crise geral. Mesmo vendendo livros baratos os caras ainda tem dificuldades.” 

Navarro, com barba e cabelos brancos, cursou Letras na FFLCH e, na época, morou no Bloco A do Crusp, mas não chegou a se formar. Daquele tempo pra cá continuou a lidar com livros por ser um assunto que entende e admira, e não pretende deixar eles de lado, “livro é o peso do conhecimento.” 

Os gêneros que ele mais gosta de ler são os contos e romances, às vezes se entrega também nas narrativas mais filosóficas, mesmo dizendo que são mais complicadas de se entender. Porém, no final, não importa qual seja o conteúdo ou a cor da capa do livro, Navarro sempre está em algum canto próximo de sua bancada de pedra mergulhado nas letras que tanto o encantam. 

Para ele a Festa do Livro da USP “é um momento bom porque vem gente de todos os lugares, do interior paulista e de outros Estados. Também é o meu momento de vender mais”. 

Navarro, junto com outros diferentes expositores, monta a sua própria bancada de livros do lado de fora do evento. Muito além de ser vendedor, ele também é um frequentador ativo das edições da Festa. Mas admite que é desapegado com suas compras: “Antes de ser livreiro, eu tinha meus livros, agora eles são da banca. Minha biblioteca é a banca.” 

Com um cigarro na mão e os olhos atentos nas pessoas, Navarro fala que “o segredo de um livreiro é estar sempre renovando” e isso é o que ele pretende trazer para o seu negócio. No momento, seu sonho é ter uma livraria, um espaço que possa abrigar seus companheiros de muitos anos e que possibilite uma estrutura melhor para continuação de seu trabalho.


Como é o processo de seleção das editorias?

Para escolher as editoras que ocuparão os mais de quatro mil metros quadrados da Festa do Livro da USP, Bruno Tenan, da Divisão de Marketing da realizadora do evento, Edusp, diz que são priorizadas as que participaram no ano anterior; depois, “as que se inscreveram em anos anteriores e ainda não puderam participar e as que se inscreveram pela primeira vez”. 

Outros fatores que influenciam a escolha é a extensão do catálogo e a linha editorial de quem pretende participar. Como o público alvo são os universitários, há um maior interesse naquelas que disponibilizam livros acadêmicos. 

Grandes editoras estão sempre presentes e as pequenas podem encontrar dificuldades na hora de alugar um espaço: “o custo total do evento é dividido pelo número de bancadas e repassado para as editoras conforme a quantidade de bancadas que elas pretendem ocupar.” 

Por outro lado, Tenan diz que limitar a quantidade de bancadas por editoras e permitir a divisão destas — em metades e terços — permitiu a participação de editoras menores.