Afinal, qual seria, realmente, a Nossa Voz?

Entenda quem são os representantes reeleitos do DCE Livre da USP pela ótica dos vencedores e da oposição

Por Beatriz Crivelari e Tamara Nassif

Representantes do Levante (uma das organizações que compõem a chapa Nossa Voz) se reúnem após ganhar eleições. Foto: Arquivo pessoal de Beatriz Basso

O Diretório Central dos Estudantes da USP, DCE Livre Alexandre Vannucchi Leme, realizou suas eleições anuais nos últimos dias 7, 8 e 9 de novembro. A chapa vencedora, Nossa Voz, eleita pela segunda vez, caminha para o terceiro ano de gestão. O JC traz, nesta edição, uma contextualização das eleições através da chapa vencedora e da oposição, chamada Construir Um Novo Tempo.

Luiza Burgareli, aluna da FFLCH e representante da Nossa Voz, explica que a chapa começou, inicialmente, como um movimento de alunos que buscava maior debate político dentro da Universidade. Com o número crescente de interessados, principalmente em locais onde o movimento estudantil não costumava ter tanto alcance, decidiram se unir e se elegeram no final de 2017 com o slogan “Quem entra não quer sair, permanência é pra já”.

Após a reeleição, em 2018, continuaram pautando a permanência estudantil, mas, considerando os ataques à educação do novo governo, focaram em articular a Universidade para se defender. “Fizemos uma paralisação histórica. Todos os campi da USP tiveram atos. Todas as mobilizações em defesa da educação nortearam nossa atuação este ano, por entendermos que faz parte da nossa função”, afirma a estudante.  

Luiza também ressalta a criação do projeto de extensão USP nos Bairros, que tem como objetivo unir as extensões que atuam fora da Universidade, como forma de organizar as atuações e estimular a criação de novos projetos que levem impacto para além dos muros da USP. “A extensão é a conexão da comunidade com a Universidade, por isso ela é importante”.

A chapa vencedora obteve 57,8% dos votos, mesmo com um diminuição dos votantes que passaram de 8.157 em 2018 para 7.174 neste ano. A segunda colocada, Construir um Novo Tempo, representa uma coalizão de organizações de esquerda, entre elas: Afronte!, Juntos!, Juventude Comunista Avançando e Socialismo ou Barbárie. 

Outro lado

De acordo com Juliana Bellato, uma das representantes do Afronte! e estudante do quarto ano de Relações Públicas da Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP), a chapa acredita que “o movimento estudantil tem de ser construído pela base, em conjunto com os estudantes. É nosso papel proporcionar espaços de voz e voto, para que o estudante se sinta parte do processo e se veja como sujeito político”. 

Assim, uma das principais críticas feitas ao Nossa Voz está relacionado ao protagonismo da chapa em “realizar tarefas pelos estudantes”, ao invés de “construir a entidade coletivamente”, como escrito no panfleto que distribuíram no período da eleição. 

“Minha opinião sobre essa reeleição é que o modo de enxergar e fazer política deles continuará o mesmo, apostando em algo de cima pra baixo e enxergando a entidade como uma gestora, não uma impulsionadora de iniciativas”, diz Juliana.

No entanto, o grupo ressalta que, mesmo não estando à frente do DCE, é imprescindível fortalecê-lo entre os próprios estudantes. “Mesmo que tenhamos críticas ao Nossa Voz, sabemos que ter unidade é extremamente necessário, não só entre estudantes, mas entre professores e funcionários, ainda mais em um governo que ataca e desmonta a educação e nossas formas de organização”.