O jornalismo não para, nem o JC


por Isabel Teles

Arte: Pedro Lobo

 

Com a proximidade do final do ano é possível cravar que 2020 foi um ano sem precedentes para o jornalismo. É verdade que toda a sociedade passou por mudanças, com as regras de distanciamento social e medidas de isolamento. Muitos setores pararam, ou reduziram suas atividades durante a pandemia. O jornalismo não. 

E o JC não poderia ser diferente. Mesmo com adaptações, os estudantes que fazem o jornal laboratório não pararam. No início do segundo semestre, um grupo de 22 estudantes do segundo ano do curso de jornalismo aceitou o desafio de produzir a publicação com periodicidade e conteúdo em meio à pandemia.

Não foi simples, rotinas foram alteradas, formas de apuração à distância aprimoradas, entrevistas repensadas e a lista de contatos nunca foi tão importante. Foram quatro edições atípicas, todas realizadas integralmente on-line, com levantamento de pautas, reuniões e produção remotas. 

O resultado saiu melhor do que a encomenda. Reportagens aprofundadas sobre temas complexos de interesse não apenas da comunidade uspiana, mas de repercussão nacional. A presença nas redes sociais foi expandida, junto com a estratégia de divulgação no site, ampliando a circulação da produção nas redes. 

Ainda que não seja possível distribuir edições impressas do JC pelos campi da USP, o jornal não abandonou o público, nem vice-versa. A reportagem foi fortalecida e não deixou de lado temas latentes, como as discussões da política nacional e as pesquisas científicas sobre a pandemia e o desenvolvimento de vacinas. 

Já os leitores continuam acompanhando o trabalho do JC e chegam pelas postagens nas redes sociais, buscas em ferramentas de pesquisa e pela home do jornal, atualizada com novas publicações diariamente. 

Para fechar o ano, a edição 514 mostra a complexa situação dos servidores do HU, os cortes nas bolsas de pós-graduação  e as experiências dos calouros que ingressaram na USP em 2020. 

Já a editoria de ciência apresenta o promissor teste de saliva desenvolvido por pesquisadores da universidade e uma reportagem visual sobre biomas brasileiros. As eleições municipais não ficaram de fora. Também há textos opinativos, como o que discute a gestão da Fundação Palmares e crônicas com reflexões sobre o período de confraternizações e férias de fim de ano.

O ombudsman Rodrigo Ratier também apresenta sua análise sobre a cobertura dos repórteres no último ciclo de produção do jornal em 2020, que coincidiu com o período tumultuado de final de ano e de semestre e com as incertezas provocadas pela situação da pandemia no país. 

Por conta das circunstâncias, a edição pode ter apresentado dificuldades, mas isso nunca impactou o conteúdo que chega ao leitor. Reportar é preciso, em especial em períodos de crise, como o atual. Nisso o JC não falha.