Pesquisa de intenção de voto realizada pelo Jornal do Campus na Cidade Universitária mostra que o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (DEM), com 17,4% das intenções de voto, é o candidato preferido dos que já decidiram em quem votar. Marta Suplicy (PT), primeiro lugar nas pesquisas Ibope e Datafolha, vem em seguida com 11,5%. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) aparece com 11,2%. A maior parte dos entrevistados (19,3%), entretanto, ainda não decidiu em quem votar.
Entre os dias 16 e 19 de setembro, foram entrevistadas 878 pessoas selecionadas por amostragem de cada categoria – alunos, professores e funcionários. Baseada no último anuário da Universidade, a pesquisa contemplou todas as unidades da Cidade Universitária e aferiu que 70,13% das pessoas votam na cidade de São Paulo. A análise estatística dos resultados foi realizada por Sergio Wechsler, professor do departamento de Estatística do IME.
O primeiro lugar nas intenções de voto alcançado pelo atual prefeito coincide com a sua subida nas pesquisas que abrangem todo o município. Segundo o professor do departamento de Ciência Política da FFLCH, Renato Arantes, a campanha do prefeito conseguiu apresentar o candidato ao eleitorado e ligá-lo à sua gestão, que é bem avaliada pelo público.
Tradicionalmente, DEM (ex-PFL) e PSDB possuem melhor desempenho entre os eleitores de maior renda e escolaridade, em que se insere grande parte da comunidade USP. Hoje, esse eleitorado está divido, pois é disputado pelos ex-aliados. Fernando Limongi, do departamento de Ciência Política da FFLCH, acredita que Kassab leva vantagem porque sua campanha está melhor e conta com mais recursos que a de Alckmin – o prefeito prevê gastos de R$ 30 mi e o ex-governador, de R$25 mi.
Arantes aponta que há dispersão dos votos da esquerda dentro da Cidade Universitária. Candidatos como Soninha (PPS) e Ivan Valente (PSOL) pontuaram acima de suas médias nas pesquisas realizadas no município, com 8,9% e 6,9%, respectivamente. Ele diz que a crítica que ambos fazem ao PT é bem acolhida na USP.
O alto índice de votos nulos (12,8%) diverge das demais pesquisas realizadas em São Paulo. Arantes diz que, na Cidade Universitária, esse tipo de voto é “uma alienação política de alto nível”. Para ele, há uma situação paradoxal na USP: ao se usar o voto como protesto, dá-se as costas para o processo eleitoral.
A alta margem de indecisos (28% no Datafolha de 17 e 18 de setembro) é característica das pesquisas espontâneas. Arantes justifica a menor porcentagem no levantamento do JC (19,3%), por se tratar de um ambiente universitário. “Os indecisos são eleitores que não tem identificação partidária prévia”, afirma o especialista. Tal dado pode incluir um eleitorado que está se informando melhor para tomar sua decisão.