As reformas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) têm provocado polêmica desde que foram iniciadas no ano passado. Uma das principais críticas é de que há irregularidades nos procedimentos de construção, além de interferências expressivas no projeto original do edifício, assinado em 1960 por Vilanova Artigas.
Segundo o professor da FAU, Antonio Carlos Barossi, além da falta de discussão, as obras não seguem procedimentos institucionais e profissionais obrigatórios. Não passaram pela aprovação do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat), do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Compresp), da Congregação e do Conselho Curador dos Espaços da FAU. Também não foram seguidas normas federais de segurança e determinações do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea), como placa de identificação da obra, com nome do engenheiro responsável.
Para Barossi, uma das principais interferências no projeto de Artigas seria a construção de uma cobertura por cima da original, bastante deteriorada por infiltrações. Atualmente, há redes no teto para impedir que pedaços de concreto caiam, e caixas d´água para conter as goteiras. Segundo Barossi, a gestão anterior da diretoria, presidida por Ricardo Toledo Silva, desenvolveu um projeto de impermeabilização e restauração do concreto. “O projeto foi apresentado à FAU e testado. Os conselhos internos aprovaram, e empresas se interessaram em colaborar”, explica o professor. No entanto, a gestão terminou e o projeto não teve continuidade.
Outras interferências no projeto original seriam a demolição de uma escada, a construção de um caminho e de uma escada entre os pilares externos e o edifício, o deslocamento dos mastros das bandeiras, as intervenções nos banheiros e a utilização de materiais rústicos. Barossi acredita que esses elementos destoam da idéia de fluidez, integridade e tecnologia de Artigas.
O atual diretor da FAU, Sylvio Sawaya, rebate, afirmando que houve discussão sobre a reforma e que as críticas são baseadas em pouca informação. “Em 40 anos, todas as intervenções já feitas no edifício ocorreram de forma precária”, expõe. Ele ressalta o valor arquitetônico do prédio, tombado pelo Estado em 1981, mas afirma que é “preciso repensá-lo”, agora que “a arquitetura utiliza computador e não mais somente a prancheta”. À Folha de S. Paulo, Sawaya afirmou que as obras não precisam de autorização do Condephaat, pois não interferem na estrutura do edifício.
Também há críticas pelo fato de que as obras tenham começado do lado externo do edifício, com a execução do novo paisagismo, em detrimento da situação urgente do teto. Sawaya explica que os serviços menores e mais rápidos começaram antes para “mostrar que o trabalho está sendo feito” e que “a cobertura do prédio está sendo pensada desde o primeiro dia”.
De acordo com o arquiteto do Grupo Executivo de Gestão dos Espaços Físicos (GEEF), Augusto Francisco Paulo, os próximos passos da reforma são recuperar e adequar os banheiros à Lei de Acessibilidade, reformar os três departamentos da faculdade, abrir os pilares internos para restauração e construir uma cobertura para o Anexo. No ano passado, foi reformada a área da Administração e da Direção. As obras totalizam cerca de R$ 7 milhões, custeados pela FAU e Universidade.
Diante da polêmica, a diretoria e o GEEF estão organizando uma reunião aberta a alunos, funcionários e docentes da FAU, a fim de expor e discutir prós e contras. Até o fechamento dessa edição, ainda não havia data definida.