Uma audiência pública, convocada pela Comissão de Educação e Cultura (CEC) da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, foi realizada dia 13 de março a fim de discutir o Programa de Inclusão por Mérito no Ensino Superior (Pimesp). Foram convidados os reitores da Unesp, Unicamp e USP. Porém, somente o da Unesp, Júlio Cesar Durigan, compareceu, confirmando a adoção do progama. A USP foi representada pela pró-reitora de graduação, Telma Zorn.
Além da insatisfação pela falta de João Grandino Rodas, a fala de Zorn sofreu duras críticas da plateia. No discurso, a pró-reitora disse que “as discussões tem que ter tempo, uma vez que é uma decisão tão grande para uma das maiores universidades do país”. Apesar disso, as congregações das unidades da USP tiveram apenas dois meses para debater a proposta do Pimesp e encaminhar suas avaliações para a reitoria.
Zorn defendeu os atuais programas de inclusão da USP, e afirmou que a universidade pretende aprimorar suas relações com os alunos de escolas públicas. “Existem alunos do ensino público que não sabem que a USP existe, que é pública e gratuita. É necessário ter consciência que a universidade pública é de todos”. A pró-reitora também elogiou os subsídios oferecidos pela universidade, em especial o CRUSP, o auxílio-moradia e os restaurantes universitários, provocando fortes vaias dos manifestantes, que questionam o modelo desses subsídios.
Segundo Carlos Vogt, coordenador da Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), o Pimesp surgiu num conselho dos reitores das universidades estaduais paulistas junto a outras instituições estaduais de ensino e pesquisa. Vogt acredita ser “uma proposta que, do ponto de vista quantitativo, pode alcançar ou superar as metas, mantendo o nível de qualidade dos cursos”.
A origem do projeto foi criticada por Silvio Luiz de Almeida, representante do movimento negro e professor de direito.“O Pimesp nasceu da cabeça dos reitores, não da universidade, que tem uma comunidade acadêmica”. Almeida também questionou o processo de elaboração do projeto, quais especialistas serviram de consulta e a fonte dos dados, pontos não explicados por nenhum dos representantes das universidades. “Se é um programa de inclusão com mérito, quero saber qual é mérito das pessoas que o construiram”.