Apesar da extensão de 3 milhões e meio de reais no orçamento, apenas 40% da obra está finalizada
por Danilo Queiroz
Há cinco anos, tramitam os processos burocráticos para a realização da reforma do bloco D do Crusp, um entre os oito blocos que compõem o conjunto residencial estudantil. Mesmo com avanços, a reforma está longe de terminar. A mudança mais visível foi a adição da estrutura de concreto nos primeiros andares, que vai servir como elevador para pessoas com deficiência. A estrutura funciona como um regulador da obra. Com três andares ainda em andamento, quanto mais próximo da cobertura do prédio, mais próximo da entrega da reforma.
Apesar do orçamento ter passado de pouco mais de 4 para 7 milhões e meio de reais, as obras seguem sem previsão de término. O prazo de entrega deveria ter sido em 10 de agosto de 2022, como mostra a placa que fica ao lado do prédio. Não foi atendido. Uma nova licitação foi protocolada pela Superintendência do Espaço Físico (SEF) da USP, e o prazo foi estendido até 9 de setembro deste ano. “A obra está andando, vai atrasar, a gente sabe. Mais uma vez, esse prazo não poderá ser atendido. Estamos com mais ou menos 40% finalizada, tem coisas que não entraram neste contrato”, explica um dos funcionários da Harus Construções, que preferiu não ser identificado com medo de represálias.
O JC visitou o bloco e conversou com duas fontes envolvidas na obra, que confirmaram as declarações. Os três atribuem o atraso tanto à ocupação estudantil realizada por 3 meses no decorrer da reforma quanto à falta de matéria-prima após o retorno da pandemia. Eles também defendem que a extensão do orçamento se deu em virtude da atualização da planta da obra a pedido do fiscal da obra, funcionário da SEF. O projeto conta com apartamentos adaptados para pessoas com deficiências em três dos seis andares do bloco, além de cozinhas e lavanderias em cada apartamento e sala de estudos que inclui banheiro unissex.
“Nós sabemos da importância deste espaço para os estudantes, mas atrasos e mudanças acontecem, faz parte de obras públicas. O problema também é mão de obra. Precisaríamos de umas 15 pessoas, mas diariamente temos apenas oito”, relata uma das fontes ligadas à obra. Para os pedreiros, alguns dos motivos que explicam essa situação é o regime de trabalho diarista e a ausência de benefícios, que torna o trabalho pouco atrativo em comparação a outras obras na cidade.
Por dez vezes, via telefone, e-mail e presença física, o JC procurou a SEF, o fiscal da obra e o supervisor, que ficaram de entrar em contato. Nenhum deles respondeu até a publicação da reportagem.