Promessa de bandejão aos fins de semana ainda não andou 

Pauta da greve esbarra na falta de funcionários; Prip não especifica medidas de concretização

Por Camilla Almeida

Foto: Lívia Lemos/Jornal do Campus

Considerados peças importantes dentre as políticas de permanência estudantil, os bandejões entraram na pauta de greve com a reivindicação de refeições em feriados e fins de semana. Até agora, nada aconteceu, segundo relatos da Associação de Moradores do Crusp (Amorcrusp). 

Os restaurantes universitários são a principal fonte de alimentação para uma grande parte da comunidade USP. Na capital, são seis bandejões, distribuídos entre quatro campi. Quatro desses estão localizados na Cidade Universitária, que atuam servindo mais de 2 milhões de refeições anualmente, de acordo com o Anuário Estatístico da USP. O seu funcionamento, porém, é restrito aos dias de semana. 

“Nunca tive uma rotina de final de semana com bandejão presente”, conta Lucas Dias, estudante de Turismo e residente do Crusp desde 2018. “O que sobra são as cozinhas coletivas, mas acontecem muitos roubos, o que impossibilita o uso desses espaços”, complementa. O estudante comenta, inclusive, que está “acostumado” a passar muitas horas sem comer e a se contentar com uma única refeição diária.

A demanda foi contemplada pela Reitoria, que se comprometeu, por meio da Prip, a garantir café da manhã e almoço aos sábados e a implementar medidas emergenciais quanto às outras refeições. No entanto, após um mês da apresentação dessa proposta, ainda não houve movimentações que indiquem sua execução.

A preocupação central é com os funcionários dos bandejões, que também paralisaram suas operações alegando a  precarização de seu ambiente de trabalho e o cumprimento de turnos abusivos. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), houve uma redução na contratação de funcionários que levou a essa sobrecarga. A exemplo disso, a sala de louça, que já contou com 14 trabalhadores, hoje tem seis – todos terceirizados.

De acordo com o Instagram oficial do Amorcrusp, uma assembleia que discutiria os próximos passos com a Reitoria, marcada para o dia 21 de novembro, foi cancelada devido à ausência de um “posicionamento conciso” da Prip. O JC tentou contato com o Amorcrusp, sem resposta. 

Procurada pela reportagem por email, a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (Prip) alegou que o “funcionamento dos restaurantes universitários aos finais de semana e feriados está em fase inicial de estudo técnico”. Indagações sobre a contratação de funcionários, previsão para implementação do novo horário e maiores especificações sobre a medida não foram respondidas.