Reitoráveis iniciam campanha sem surpresas

Excesso de burocracia, centralização do poder, ensino à distância e modelo eleitoral foram os principais pontos criticados

O Instituto de Psicologia promoveu, nas duas últimas semanas de agosto, sabatinas com os candidatos a reitor da USP. Os reitoráveis (conheça suas propostas) apontaram como temas principais da discussão a burocracia, gestão da universidade e o modelo atual de eleição para reitor.

A excessiva burocracia e centralização do poder foram os principais alvos de crítica de todos os candidatos. “A USP deve ter um reitor que ame a universidade, os assuntos acadêmicos e odeie a burocracia” disse o professor Wanderley Messias da Costa, coordenador da Coordenadoria de Comunicação Social da USP. A digitalização dos processos burocráticos foi apontada como solução pelo professor Glaucius Oliva, diretor do Instituto de Física de São Carlos, para otimizar a gestão. “A vantagem da informatização é que você imputa as regras no próprio software, dispensando as etapas burocráticas”, declara. O professor Armando Corbani Ferraz, Pró-Reitor de Pós-Graduação, tem opinião semelhante. “Não podemos nos atrapalhar e deixar de usar a tecnologia”, diz.

Os candidatos falaram da excessiva centralização de poder pela reitoria e pró-reitorias, o que traz prejuízos à administração da universidade. Segundo Oliva, é necessário conferir maior autonomia às unidades. “É preciso aproximar as decisões e a gestão da ponta, daquele que faz”, diz. Além disso, também foi discutida a necessidade de maior diálogo entre unidades, departamentos e pró-reitorias. Ferraz propõe a criação de comissões inter Pró-reitorias para que elas trabalhem mais harmonicamente e não só em ações isoladas.

Um dos poucos a falar sobre extensão universitária foi o professor Ruy Alberto Corrêa Altafim, atual pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária. Ele considera que a extensão universitária “é mal compreendida” e, portanto, desvalorizada. Seus planos de gestão incluem o treinamento e reaproveitamento de funcionários e a busca por fontes de financiamento alternativas ao governo do Estado.

Sobre o atual modelo de eleição para reitor, os candidatos são unânimes em considerá-lo inadequado. “Decisão de um só colegiado não funciona”, declara Ferraz. A crise de representatividade na universidade foi discutida, entretanto, a proposta de eleições diretas para reitor não foi apontada como solução. “É preciso encontrar um equilíbrio para incluir as pessoas que estão engajadas com a universidade. A escolha não deve ser exclusivamente política, sem propósito acadêmico”, diz Oliva.

As últimas sabatinas com os professores João Grandino Rodas, diretor da Faculdade de Direito, e Sylvio Barros Sawaya, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, ocorrerão nos dias 3 e 8 de setembro, respectivamente, às 14h30, no Anfiteatro Carolina Bori (Bloco G do IP-USP).