Alojamento provisório sem vagas

A busca pela vaga no Conjunto Residencial da USP (Crusp) tem início na primeira semana de aulas e movimenta a Coordenadoria de Assistência Social (Coseas), primeiro local procurado pelos estudantes de outras cidades e estados.

Olívia Campos, caloura do curso de Geografia e Isabela Gusmão, do curso de Esporte, vieram de Minas Gerais e conseguiram vaga no alojamento. Elas foram aprovadas em outras instituições e escolheram a USP pela qualidade de ensino e pelo auxílio social. Olívia menciona que o destaque nacional da Universidade também está associado aos programas de apoio oferecidos, como o auxílio moradia, bolsa alimentação e oportunidades de estágio.

Para o professor de Direito Civil da Faculdade de Direito da USP (FD), Eduardo Tomasevicius Filho, ter moradia é direito fundamental e responsabilidade do Estado; para isso existem as Secretarias de Habitação e empresas públicas: “No que corresponde à Universidade, sua função social é oferecer educação de qualidade, pesquisa e extensão. Mas, quando o aluno é carente e a falta de moradia prejudica as atividades acadêmicas, ai se pode oferecê-la, em caráter temporário”.

Vagas insuficientes

A Associação dos Moradores do Crusp (Amorcrusp) reivindica aumento no número de vagas que, segundo eles, são insuficientes. A associação contabiliza que houve 200 inscritos para um total de 68 vagas no alojamento.

Procurada pela reportagem, a Coseas adiantou que a demanda é atendida considerando o perfil socioeconômico. O site da Instituição apresenta os critérios da avaliação socioeconômica, feita por meio da análise de documentos que comprovem a renda, as despesas e os bens da família. Cada item corresponde a um ponto que ao final são somados e determinam a obtenção da bolsa.

Para que mais ingressantes sejam atendidos, a Amorcrusp sugere que, em caráter emergencial, a Universidade monte uma espécie de república nos arredores e comprometa-se em ampliar as vagas nos alojamentos.

Na visão do professor da FDUSP, a proposta de aluguel de imóveis requer estudos a fim de evitar problemas judiciais, “inclusive, porque os prejudicados seriam os estudantes, se tivessem de deixar os locais alugados, caso o mecanismo fosse considerado ilegal”.

Auxílio Moradia

Em paralelo, já estão em andamento propostas de autoria da Coseas, sobre o aumento do valor do auxílio moradia, hoje em R$ 300,00. Contudo, a alteração envolveria os campi do interior nos quais o auxílio em vigor segundo a coordenadoria, não está defasado.
O professor da FD observa que o desempenho acadêmico pode ser afetado pelas condições inadequadas de moradia e sugere que os alunos pensem em alternativas e, se beneficiados com R$ 300,00, juntem-se em repúblicas independentes da USP.

A Amorcrusp realizará assembleias ao longo de março para chamar atenção sobre suas reivindicações.