Alunos buscam alternativa e produzem 3D

(ilustração: Hugo Neto)
No vídeo de recepção aos calouros deste ano, os alunos do segundo ano de audiovisual se utilizaram de sua criatividade para driblar a falta de equipamento apropriado. Para um vídeo em 3D, é preciso que duas lentes, colocadas lado a lado, captem a mesma imagem com uma diferença de ângulo, tal qual acontece com os olhos humanos. A solução foi utilizar duas câmeras independentes fixadas paralelamente para a captação das imagens.

“O James Cameron [diretor de Avatar] tinha uma câmera com duas lentes, que não poderiam ficar fisicamente mais próximas uma da outra. Já nós tivemos  a limitação de usar duas câmeras. O corpo da própria câmera não permite que uma lente fique muito perto da outra” explicou Leonardo Praça, aluno do segundo ano de audiovisual e um dos produtores do vídeo. O problema principal no caso das lentes estarem mais afastadas do que deveriam é que, apesar da imagem em primeiro plano ficar focada, o fundo ficará distorcido, devido às perspectivas diferentes captadas durante a gravação.

Infográfico (arte: Hugo Neto)Outro estudante que colaborou com o vídeo, Cauê Jannini, explica as motivações para a gravação em 3D. “Fomos os primeiros a tentar fazer o vídeo de boas vindas em 3D, para experimentar e aprender, porque nunca teremos isso no curso”. A técnica de 3D ainda não é muito difundida. Os alunos se utilizaram de muitas pesquisas na internet para ajudar na produção do vídeo.

Segundo Leonardo, as maiores dificuldades trazidas durante a gravação são as restrições técnicas causadas pela adaptação. “É muito difícil mexer no foco em duas câmeras ao mesmo tempo. Quando se faz o movimento de câmera, teoricamente as lentes devem angular enquanto você mexe”. Ele acrescenta que todos eventuais defeitos da gravação precisaram ser corrigidos manualmente na pós-produção.

Após a produção do vídeo de boas vindas, a experimentação continua. “Já temos um próximo projeto que é com a animação de computação gráfica do Will [William Soares, outro dos envolvidos no vídeo]. Nós vamos pegar esta animação e transformar em 3D. Com animação é bem mais fácil do que com vídeo”, diz Leonardo.

Boom de 3D

Apesar do grande aumento da exibição de filme em 3D, esses recursos não  são novidade. “A rigor, desde o século XIX existem técnicas combinando duas imagens para simular uma profundidade. A grande novidade é a imersão que o 3D propicia em que se fica praticamente dentro da imagem”, afirma o professor Gilson Schwartz, do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicação e Artes (ECA).

Para o professor Fernando Scavone, a alta de 3D decorre principalmente da tentativa de atrair um público maior aos cinemas. “As pessoas vão ao cinema para ver coisas que não podem ver em outro lugar. Na década de 70 você tinha a pornochanchada, as pessoas iam porque não podiam ver filme de sacanagem em casa.”

Com a diminuição cada vez maior de público no cinema, é preciso buscar  novos atrativos. “Seja som, sensações ou agora o 3D convencendo as pessoas a irem ao cinema. Ir ao cinema era um evento, a partir do momento em que deixou de ser um evento, tem que ser feito alguma coisa para se tornar um evento de novo. Hoje as pessoas precisam fazer reserva para ir ao cinema”, completou o professor Scavone.