HU diz que sistema próprio de resgate não é função do hospital

O Hospital Universitário (HU) não oferece sistema de ambulâncias para resgate de pessoas acidentadas no campus e arredores. Segundo Maria Filomena Mourão Zotelli, assessora do superintendente do HU, não é função do hospital fornecer resgate porque a cidade de São Paulo já oferece serviços semelhantes, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e o Resgate do Corpo de Bombeiros. “Nosso foco não é fazer resgate, mas ensino, pesquisa e assistência. O hospital é apenas mais uma unidade dentro da USP, é mais um hospital escola. Nós somos formadores de profissionais”, afirma.

O hospital possui três ambulâncias, que são voltadas apenas para transporte de pacientes. Ela alega que não é por falta de estrutura que o HU não tem um sistema para resgate, mas que, para tal, o hospital teria que montar um sistema próprio com uma equipe especializada. “Às vezes, é mais fácil pegar o próprio colega que passou mal na USP, colocar dentro do carro e trazer para o HU, do que nós fazermos contato com nosso transporte”, diz Maria Filomena.

Mas nem sempre esse procedimento pode ser feito. É o caso da aluna de artes cênicas, Juliana Bueno, que sofreu uma queda no campus, e desmaiou. Paulo Toledo, que presenciou o acidente, acionou o SAMU, os Bombeiros e foi ao HU para conseguir um resgate mais rápido. “Ninguém sabia se ela tinha batido a cabeça e ninguém queria mexer nela”, disse. Ao ser informado pelo HU sobre a impossibilidade de resgate, Toledo viu uma ambulância do hospital estacionada. “A gente não conseguia conceber aquilo, porque ela tava ali, a três quarteirões deles. Podia ser questões de segundos que pudessem mudar a sorte dela”, disse. O resgate dos Bombeiros chegou em 40 minutos. Juliana foi levada a um hospital particular e fraturou três partes do maxilar.

“Infelizmente, o SAMU não é suficiente para toda a cidade e, tendo em vista o trânsito, precisaria ter mais [ambulâncias]”, comenta Ana Maria Malik, diretora adjunta do Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde (Proahsa), parceria entre a Fundação Getúlio Vargas e a USP. Em casos em que há possibilidade pontual de suprir essa demora, como no acidente de Juliana, ela diz que pode acontecer de hospitais abrirem exceções, mas que “não se pode pensar em ‘quebrar galho’ no regimento do hospital”.

Guarda Universitária

Toledo concorda que, na ocasião, os funcionários do HU estavam apenas cumprindo o regulamento. “Não foi má vontade. Mas um procedimento bem ruim mesmo foi o da Guarda Universitária, que deu uma assessoria lenta”, disse Toledo sobre a Guarda, que ficou encarregada de orientar o resgate ao local do acidente, o que não aconteceu.

HU depende de ambulâncias particulares, Samu ou bombeiros para efetuar resgate (foto: Heloísa Fávaro)
HU depende de ambulâncias particulares, Samu ou bombeiros para efetuar resgate (foto: Heloísa Fávaro)