Mudança é apenas o começo, diz Chiarelli

Para o novo diretor do MAC, mais importante que a transferência do museu, é a criação de diretrizes para sua nova sede

Tadeu Chiarelli, novo diretor do MAC (foto: Bruno Machado)Professor do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes (ECA), Tadeu Chiarelli foi nomeado, há pouco mais de um mês, novo diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP. Ele acredita que a transferência do acervo para o prédio do antigo Detran é apenas o primeiro desafio da sua gestão e que, com a mudança, o museu passará a melhor exercer seu papel cultural e social.

Jornal do Campus: O senhor concorda com a imprensa que diz ser a principal tarefa da sua gestão a transferência do MAC para o Ibirapuera? Quais são as prioridades do seu mandato?
Tadeu Chiarelli: Acho que a transferência é a principal tarefa nos próximos seis meses. Espero resolver isso nesse prazo e aí começa uma nova etapa para o museu. Acho que tão importante quanto a mudança é criar uma diretriz para o museu, direcioná-lo para assumir a responsabilidade de ir para um edifício novo.

JC: No ano passado, a Secretaria de Cultura disse que ainda não havia uma decisão a respeito da divisão dos gastos da mudança entre o órgão e a USP. Como se resolveu essa questão? A Secretaria tem alguma influência na administração do museu?
Chiarelli: O MAC tem autonomia total dentro da universidade e ela será mantida. Isso é ponto pacífico e indiscutível, é uma cláusula pétrea. Quanto aos gastos com a mudança, as tratativas entre a Secretaria e a reitoria continuam para resolver a questão de maneira positiva para ambas. Ainda não participei de nenhuma reunião para discutir essa questão, não sei detalhes, mas isso ainda não foi fechado.

JC: Qual é a previsão de inauguração da nova sede do museu? Quanto do acervo será exposto no prédio do antigo Detran?
Chiarelli: A previsão era que o museu fosse inaugurado em setembro. Eu sugeri que esse prazo fosse adiado, para que todo o cuidado com a transferência da coleção fosse mantido. A ideia é que a inauguração aconteça no início de dezembro. Teremos de seis a sete meses para o término da reforma e a transferência das obras que participarão da exposição inaugural. A mudança do resto do acervo deve ultrapassar essa data. É um pouco difícil mensurar o quanto será exposto. Vamos começar a trabalhar agora com as proposições, mas em torno da metade da coleção será aberta ao público.

JC: Como será a disposição do museu nessa nova sede? Há planos para a exposição inaugural?
Chiarelli: O acervo do MAC ocupará, pelo menos, cinco andares dos oito disponíveis. A exposição de inauguração vai apresentar um panorama da arte do fim do século XX e do início do século XXI, sem uma abordagem historiográfica convencional, somente com artistas brasileiros. Um dos andares será dedicado a artistas emergentes dos últimos dez anos. Ainda não decidimos nenhum nome para a exposição.

JC: Com a saída do MAC da USP, o que acontecerá com o prédio dentro da Cidade Universitária?
Chiarelli: O MAC não vai sair da Cidade Universitária. O espaço que ele ocupa hoje será transformado para que as atividades acadêmicas do museu sejam mais enfatizadas e o diálogo entre ele e a USP tende a se tornar mais efetivo. É mais correto dizer que o acervo do MAC vai sair da Cidade Universitária e cumprir com seu papel social. Vindo para a USP, de alguma maneira, ele ficou restrito a um espaço que não dá a dimensão real da sua importância. Com a mudança, a visibilidade pública da coleção será maior e o fato de ela ocupar um edifício do Oscar Niemeyer vai atrair ainda mais visitantes. As pessoas saberão que vão visitar uma das coleções de arte mais ricas do século XX. O museu vai ter melhores condições de continuar oferecendo cursos e oficinas. Por isso eu acho que o trabalho não termina na inauguração, é aí que ele começa.