Desconhecido na USP, laboratório da EEFE recebe craques consagrados

Laboratório de biodinâmica da EEFE já recebeu Kaká, do Real Madrid e da seleção brasileira, e Ralf, do Corinthians. Meta agora é projeto olímpico da USP

A dimensão da Universidade de São Paulo é tão grande que às vezes até nos surpreendemos com a existência de algumas instalações. Este é o caso do Laboratório de Boimecânica, na Escola de Educação Física e Esportes (EEFE). O local recebeu o meia Kaká, do Real Madrid e da seleção brasileira, em novembro do ano passado para fazer uma análise do que ocasionava tantos problemas com lesões. E aqui ele conseguiu descobrir uma contusão no joelho, que posteriormente seria operada por um médico belga.

“O Kaká teve pubeíte (inflamação no púbis) e todo mundo dizia que esse era o grande problema dele. Mas isso já estava solucionado, o problema era o joelho. Por isso que ele veio para cá, com essa perspectiva, de varrer o movimento. Aqui foi possível identificar o problema  que gerou a operação com o belga”, conta o professor Júlio Cerca Serrão, chefe do departamento de biodinâmica da EEFE.

O curioso é que o professor conta que a USP ‘atrai’ estes atletas profissionais justamente pela fama do laboratório. A EEFE já recebeu também o volante Ralf, do Corinthians, a seleção de basquete e o time de juniores do São Paulo, que na época contava ainda com Lucas e Casemiro, destaques atualmente. Mas Júlio sabe que todo este reconhecimento só se dá fora da universidade.

“O laboratório é bem conhecido, então os amigos pedem consulta. É aquele negócio meio informal, até por conta da tradição, por a gente ter feito isso muitas vezes. Mas seguramente somos mais conhecidos fora da USP. A USP conhece pouco a respeito da USP, essa é a dura realidade”, diz o professor

Estes tratamentos de celebridades do mundo do futebol, porém, são apenas um dos serviços oferecidos no local. Com uma equipe flutuante de cerca de 30 pessoas, das quais apenas cinco não são alunos, o laboratório também faz pesquisas nas áreas de reabilitação e de calçados esportivos, paralelos com estudos da biomecânica do esporte.

“Isso (visitas de atletas) é só a superfície de todo o nosso trabalho. A gente trabalha com biomecânica do esporte e temos vários trabalhos com biomecânica da reabilitação, com identificação de lesão, parte clínica e ortopédica. E ainda temos uma linha de pesquisa muito forte que é na linha de calçado esportivo. Fazemos pesquisas com várias empresas de material esportivo”, diz Júlio Serrão.

O laboratório ainda está incluído no projeto “A Universidade de São Paulo nos Jogos Olímpicos e Jogos Paraolímpicos 2016” e está se preparando para receber e dar suporte aos atletas brasileiros, principalmente àqueles de modalidades com pouco investimento.

Laboratório também foca em lesões e reabilitações (foto: Divulgação)
Laboratório também foca em lesões e reabilitações (foto: Divulgação)

Histórico e reforma

Apesar de não ser tão conhecido, o Laboratório de Biomecânica é um dos pioneiros no Brasil e foi inaugurado em 1989, por iniciativa do professor Alberto Carlos Amádio, que havia ido fazer pós-graduação na Alemanha e voltou para cá com a ideia. Atualmente, o local passa por uma grande reforma, que visa finalmente adequar o espaço físico ao trabalho realizado.

“Não está difícil, está impossível trabalhar. Está tudo parado”, brinca Júlio Serrão. “Mas a gente se programou para isso. Toda pesquisa tem a parte de coleta de dados e de escrita. Coletamos muita coisa e agora estamos colocando tudo no papel”, explica.

O laboratório é voltado para a área de pesquisas, e o atendimento ao público ainda é inexistente. Há, porém, alguns estudos com grupos de pessoas específico para estudar algumas patologias, como por exemplo o aumento de lombalgia.