Em meio à sujeira, funcionários exigem pagamento de salários

Funcionários terceirizados organizaram paralisação e piquete na Reitoria (foto: Manoela Meyer)
Funcionários terceirizados organizaram paralisação e piquete na Reitoria (foto: Manoela Meyer)

Funcionários da empresa limpadora União seguem com manifestação por todo o campus, exigindo garantias de que a verba depositada em juizo pela USP seja devidamente destinada ao pagamento dos salários atrasados.

As manifestações tiveram início na sexta, dia 8. Ontem de manhã, em torno de 300 funcionários espalharam lixo pelos corredores dos prédios da FFLCH – uma das onze unidades atendidas pela empresa – como forma de protesto. A sujeira fez com que as aulas fossem suspensas pela direção da faculdade e somente no começo da tarde de hoje, foram retomadas. De manhã, apenas os alunos do cursinho pré-vestibular do Crusp (Conjunto Residencial da USP) tiveram aulas no espaço.

Até ontem, a USP havia feito o repasse de apenas 70% do valor referente a prestação de serviços para a empresa União, devido a impedimento legal. A empresa está inscrita no Cadin (Cadastro de Inadimplência do Estado), e isso impediria órgãos públicos de efetuar transações monetárias com a mesma. Após negociação entre representantes dos funcionários e o procurador da USP, Salvador Ferreira da Silva, ficou decidido que os 30% restantes seriam depositados em juízo. Com isso, a empresa teria dinheiro para honrar com a folha de pagamento. No entanto, os grevistas temem que a limpadora União não cumpra o mandato judicial de destinar devidamente o dinheiro e exigem alguma garantia, seja da universidade, seja da empresa. “Infelizmente, a USP não pode fazer mais do que já fez com esse depósito. O compromisso agora é da empresa”, declarou Salvador.

Devido à sujeira, as aulas da segunda-feira (11/04) da FFLCH foram suspensas (foto: Manoela Meyer)
Devido à sujeira, as aulas da segunda-feira (11/04) da FFLCH foram suspensas (foto: Manoela Meyer)

Desde o dia 7, os terceirizados esperam pelo pagamento. Quase todos recebem salário mínimo, no valor de R$ 545. São poucos os que recebem benefícios, como vale-transporte. O salário base de funcionários concursados na USP é R$ 1.210, sem contar os benefícios. “Tem gente sem dinheiro para comprar comida, e nós não temos como ajudar. Estamos sem saída e sem entender o que está acontecendo. Deus me livre a nossa manifestação acabar em violência. Mas tem muita gente desesperada”, disse uma funcionária.

Além do salário atrasado, os funcionários lidam com a possibilidade de estarem desempregados no próximo mês. O contrato entre a União e a USP foi rescindido, e todos estavam trabalhando sob aviso prévio com término previsto para o próximo dia 20. Devido à greve, um contrato emergencial de três meses foi firmado com a empresa de limpeza O. O. Lima, que já estava com funcionários trabalhando em algumas unidades desde ontem.