Após crise, Fupe volta a organizar campeonatos

Com reingresso de atléticas, que estavam afastadas desde 2008, federação promete maior representatividade e mais jogos

A Federação Universitária Paulista de Esportes (Fupe) voltou à ativa em abril, organizando os Jogos Universitários do Estado de São Paulo (JUESP). O campeonato reúne atletas universitários do estado, em confrontos de todas as modalidades de quadra. A nova diretoria, presidida pelo ex-judoca e vereador Aurélio Miguel, pretende voltar a representar suas filiadas e promover campeonatos com frequência. A gestão anterior recebeu denúncias de corrupção e desvio de dinheiro por parte de entidades filiadas e chapas de oposição.

UniSantanna X Medicina ABC, pelo hand feminino (foto: Divulgação Fupe)
UniSantanna X Medicina ABC, pelo hand feminino (foto: Divulgação Fupe)

Entre 2008 e 2012, entidades como a AAA Politécnica deixaram de renovar as filiações à Federação “por não acreditar na honestidade de quem estava na diretoria na época”, alega Gubio Barsottini, presidente da atlética. A AAA Rui Barbosa, da EEFE, retirou-se também “por conta dos altos valores cobrados por um campeonato relativamente ruim, com poucas equipes”, explica Mateus Bizetti, presidente.

Nessa época, os campeonatos da Fupe deixaram de ser os mais importantes para as entidades. Para Mateus, não estar na FUPE não é problema: “temos a NDU como campeonato que todas nossas modalidades veem como competitivo e com um número razoável de jogos”.

No final de 2011, as atléticas se refiliaram à Federação para participar das eleições para a diretoria. A decisão ocorreu em função de promessas das chapas de melhorar campeonatos e aumentar oportunidades de participação em competições nacionais. Das 47 filiadas, dez foram impedidas de votar, com a justificativa de que estavam irregulares. No caso da EEFE, a acusação foi de um cheque sem fundo datado de 2007, que nunca fora protestado anteriormente. “Foi uma situação embaraçosa e estranha já que, por estatuto, não poderíamos nem termos nos refiliado com a existência de tal dívida”, problematiza Mateus.

O presidente eleito diz que tem como objetivo dar à Fupe a credibilidade necessária para que em médio prazo as filiadas se sintam satisfeitas com o trabalho feito. Mateus pondera: “É um começo de trabalho, talvez ainda seja muito cedo para julgar mas, tomadas as decisões de maneira política ou não, a Fupe faz hoje alguma coisa pelo esporte universitário, coisa que não aconteceu nos últimos 4 anos”.

Competitividade

A Fupe abrange ligas e atléticas de todo o estado de São Paulo, de diversos níveis de preparo técnico. Por esse motivo, os jogos podem ser uma oportunidade para as entidades maiores investirem na melhoria de seu desempenho. Para Gubio, pode haver exagero por parte de alguns times na hora de inscrever federados, mas o ponto positivo em enfrentar competidores federados é que “o nível técnico da competição pode aumentar bastante”.

Na tentativa de não prejudicar entidades de nível esportivo mais baixo, a Federação adotou o seguinte método: ficou definido que quando uma equipe não tiver atletas federados a outra entidade poderá inscrever apenas um atleta e assim por diante.

Unip e FAAP se enfrentam no basquete masculino, em jogo do JUESP (foto: Divulgação Fupe)
Unip e FAAP se enfrentam no basquete masculino, em jogo do JUESP (foto: Divulgação Fupe)
Segundo plano

De acordo com Aurélio Miguel, “a Fupe atua como catalisadora e reguladora das atividades ligadas ao público esportivo universitário. Atletas […] somente podem participar dos JUB’s (Jogos Universitários Brasileiros) ou Universíade (espécie de Olimpíada Universitária) se filiados à Fupe”.

Algumas entidades afirmam que permanecem na Fupe para chegar nesses campeonatos  nacionais, colocando competições do estado em segundo plano. Pedro Ventura, assistente de coordenação da atlética da Universidade Paulista (Unip), afirma que “a Fupe perdeu sua  representatividade. […] Atualmente, para a Unip, o único objetivo de ser filiada é a garantia de participar da seletiva estadual visando a conquista da vaga para os JUB’s”. Ele  completa: “se vamos para o JUB’s, vamos com força máxima, se participamos dos jogos da cidade de São Paulo, colocamos somente atletas não federados”. Já o vice-presidente da atlética da FEA, Arthur Peão, diz que a vantagem de competir na Fupe é preparar atletas para o InterUSP e para o Economíadas.