Reformas no MAC inviabilizam funcionamento

Com decreto de posse a ser assinado pelo reitor, museu talvez funcione a pleno vapor para o aniversário de 50 anos, em abril do ano que vem

No começo desse ano, foi inaugurada a primeira exposição do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP) na nova sede no chamado Palácio da Agricultura, mais conhecido por ser o antigo prédio do Detran. O edifício abrigará a maior parte das obras do museu, mas ainda passa por reformas, e provavelmente estará funcionando “a todo vapor” apenas no primeiro semestre de 2013, como prevê Tadeu Chiarelli, diretor do MAC.

A decisão da mudança de atividade do prédio, localizado próximo ao Parque do Ibirapuera, foi tomada em 2007, e a primeira previsão de inauguração era 2009. Mas Tadeu não vê grandes problemas no atraso, que considera normal para obras desse porte: “eu acho que é um fato natural pela grande complexidade do trabalho”, diz.

A exposição, que ocupa o piso térreo do novo prédio do museu, foi inaugurada em 29 de janeiro, e tem como tema O Tridimensional no Acervo do MAC: uma antologia. Nessa data, ainda não havia sido assinado o termo que cede o espaço à USP, havia apenas uma permissão de uso. O decreto autorizando o Tribunal de Contas a passar as dependências à Universidade foi assinado só no dia 14 de fevereiro pelo governador Geraldo Alckmin, e ainda aguarda a assinatura do reitor João Grandino Rodas, devido a questões jurídicas.

Segundo Sérgio Miranda, responsável pela comunicação do MAC, a assinatura estava marcada para o último dia 3, mas foi adiada porque o reitor discordou de alguns termos, que devem ser modificadas ainda nesta semana. Contatada, a assessoria de imprensa da Reitoria disse que ainda “não há nada programado para a assinatura do documento”. O adiamento significa que o MAC ainda não tem permissão para, por exemplo, fazer licitações e pregões, necessários para mobília, restaurante, estacionamento, e também para contratar funcionários e serviços, viabilizando assim o seu funcionamento. Sérgio opina que “entregar o prédio significa que tem paredes e colunas, mas não tem nada dentro dele. O museu ainda precisa de todo o mobiliário para as exposições: vitrines, murais…”

Mesmo com todas essas dificuldades, Tadeu acredita que era “importante marcar o início das atividades mesmo não estando pronto”. Segundo ele, o MAC planeja abrir o restante do museu “paulatinamente”, conforme for possível abrigar as exposições. “Transferir esse acervo é muita responsabilidade, e a população deve acompanhar [o processo]”, diz. “A ideia do MAC não é fazer uma mega inauguração. O espetáculo [midiático] não interessa, o compromisso do museu universitário é com a pesquisa e com a extroversão desta”.

Além disso, segundo Tadeu, é importante que o prédio permaneça vazio por algum tempo, para evitar o aparecimento de problemas quando as obras estiverem em exposição, a fim de não comprometer a segurança das obras. Um ar-condicionado que não funcione plenamente, por exemplo, pode acabar deteriorando pinturas, fotografias e esculturas, as quais o museu deve preservar.

Essa decisão tem relação direta com o processo de montagem de um museu: devido ao tamanho do acervo e aos cuidados específicos necessários para as obras de arte, o mobiliário das reservas técnicas, que é feito inteiro sob medida, acompanhará o ritmo das inaugurações, após ser assinado o termo de posse.

Após a abertura total, o MAC da Cidade Universitária continuará funcionando, mas com atividades mais voltadas para a pesquisa. Para Sérgio, o novo prédio é, portanto, “mais um espaço da USP”. A biblioteca, por exemplo, permanecerá dentro da Cidade Universitária, bem como parte do acervo e a programação acadêmica em geral. O prédio antigo ainda passará por reformas a fim de abrigar as atividades acadêmicas do museu, que serão mais voltadas para os alunos.

A nova sede do MAC (arte: Marco Aurélio Martins/fotos: Paula Zogbi Possari)