O Integrapoli é uma atividade de integração da Escola Politécnica e está em sua 32ª edição. Na lista da gincana, é tradição colocar “itens impossíveis”, diz Rafael Ganzerli Auad, presidente do Grêmio Politécnico, organizador do evento. Ele garante que as tarefas, porém, nunca são levadas a sério.“Não esperamos que esses itens sejam cumpridos. A motivação de colocá-los na lista vem de experiências anteriores, de explorar a criatividade das pessoas”.
Na lista deste ano, foram incluídos itens considerados machistas, como ejacular em um desconhecido ou jogar elásticos em uma caloura de biquini. Após a listagem passar a ser discutida fora da Poli, o assunto ganhou repercussão na internet e na imprensa. O jornal O Estado de S. Paulo publicou matéria em que dizia que a gincana “incentiva machismo e revolta estudantes” e sites feministas criticaram seu caráter agressivo e desrespeitoso. A diretoria da Escola decidiu suspender temporariamente a gincana. No mesmo dia, a comissão organizadora do Integrapoli se reuniu com a direção e reescreveu a relação.
Auad explica que a comunidade politécnica interpreta os itens de maneira mais abstrata. Ele conta que, há alguns anos atrás, a lista pedia uma arara azul ou amarela, e foi trazida uma arara de roupas. “A lista tem um caráter mais jocoso, humorístico, de sátira do que acontece na sociedade”.
A estudante do 5º ano de engenharia Pamela Montovani concorda que para os alunos da Poli o evento se trata de uma brincadeira e é preciso ter bom senso dos dois lados. Ela acredita, contudo, que os itens da gincana não foram “totalmente necessários, podiam ter sido mais leves”. A aluna conta que nunca participou do Integrapoli e não foi oprimida por isso. “Sou muito feminista no sentido de que as mulheres são tão capazes quanto o homens, mas o que foi divulgado na mídia (sobre o Integrapoli) não é verdade”, ela conclui.
O presidente do grêmio admite que há pessoas de fora que podem ter se ofendido pelo conteúdo da lista. Ele diz: “Fora de contexto, eu mesmo acharia um absurdo. Já estamos atentos a isso, tanto é que já mudamos para as pessoas de fora da Poli entenderem”. O grêmio desculpou-se aos que tenham se sentido ofendidos por meio de uma nota.