Programa possibilita o desenvolvimento humano pelo esporte

Trabalhando desde 1995 na educação esportiva de crianças e adolescentes, o Programa de Desenvolvimento Humano pelo Esporte (Prodhe) foi criado com o objetivo de propagar uma visão mais abrangente da atividade física. Com 5 coordenadores e 3 bolsistas, o projeto utiliza a interdisciplinaridade para fugir de estereótipos da função social do esporte.

“Estamos dentro de uma universidade. Temos que pensar diferente. Nosso papel vai desde a disseminação de conhecimento até a formação de novos educadores”, afirma Marcos Vinícius, coordenador do Prodhe. Segundo ele, há hoje um processo de “institucionalização” da criança, com o discurso de tirá-la da rua e ocupar seu tempo. “Criança na rua é diferente de criança em situação de rua. A rua é um espaço como qualquer outro, do qual devemos saber nos apossar para o esporte”, explica. “Ocupar o tempo da criança não basta, se ela não aprender nada para o tempo livre e não entender o que a cerca”.

O Prodhe oferece atividades três vezes por semana a um grupo de 100 crianças e adolescentes da comunidade USP e de fora, sem corte socioeconômico na seleção. “Percebemos que, o quanto mais diverso o público, melhor para a convivência. Afinal, se dividimos por condições financeiras, contribuímos para a criação de guetos”, diz Marcos.

Dinâmica

Além das atividades semanais, o Prodhe organiza torneios abertos para crianças de outras ONGs. A divisão etária feita pelos coordenadores é a mesma para ambos os eventos. Os mais novos participam de atividades que desenvolvem noções de coordenação e habilidades motoras, enquanto os mais velhos têm contato com atividades mais específicas (confira no quadro ao fim do texto). “Pensamos em um desenvolvimento esportivo a longo prazo. Portanto, não vamos dar uma bola de futebol para uma criança de 8 anos. Ela precisa se entender antes, conhecer outras coisas”, afirma o coordenador.

Aluno do programa dos 8 aos 15 anos, Clayton Bispo lembra que passou por todas as etapas do Prodhe e conta que progrediu: “No começo, foi difícil desenvolver minhas habilidades. Acho que foi necessário entender que o esporte não é só o esporte em si, mas uma série de outras coisas”. Ele acrescenta: “Além de levar a experiência para minha vida, é gratificante poder passá-la para outras pessoas também”. Cristina Bispo, mãe de Clayton, diz que notou mudanças no comportamento do filho. “Por ser filho único, ele era um menino muito tímido. Ele começou a falar mais e aprendeu a compartilhar as coisas. Até nos estudos ele melhorou!”.

Infográfico: Marina Vieira
Infográfico: Marina Vieira