Ocupação abriu as negociações, diz Caaso

Após início dos diálogos com a diretoria, estudantes decidem pelo fim da greve e ocupação no campus de São Carlos

Após duas semanas acampados dentro da Prefeitura do Campus da USP São Carlos, os estudantes assinaram um acordo com a diretoria da instituição e desocuparam o prédio na última sexta-feira (1º). Em assembleia feita no mesmo dia, foi decidido o fim da greve.
Os estudantes invadiram o local no último dia 17 e reivindicavam eleições diretas para reitor e maior democracia dentro da universidade, pedidos parecidos aos dos grevistas da Cidade Universitária. “Mas nós também tínhamos pautas locais, como a reforma do prédio do centro acadêmico”, diz Rafael Arroz, estudante de engenharia ambiental e presidente do Caaso (Centro Acadêmico Armando Salles de Oliveira).
Para ele, a ocupação da prefeitura decretou o fim da greve.”Ela ajudou a pressionar a diretoria e abriu o diálogo que permitiu nossa vitória”, acredita Rafael. Os cerca de 40 alunos que estavam acampados no prédio saíram do local pacificamente após o fim da greve. Uma vistoria feita por representantes da universidade não encontrou danos no local.
O documento que selou o acordo entre a diretoria e os estudantes traz medidas que respondem às reclamações relacionadas ao campus de São Carlos. Entre elas, está a reforma imediata do prédio do Caaso, a manutenção de uma unidade básica de saúde dentro do campus, a permanência do Escobar (bar e lanchonete da universidade) e a regularização dos espaços da universidade para que festas e eventos culturais voltem a acontecer dentro da USP –uma liminar vetou este tipo de programação por causa do barulho e do atrito com a vizinhança.
Em nota assinada pelos diretores de institutos da USP São Carlos, eles ainda garantiram a não punição dos estudantes que participaram do movimento e que adotariam as medidas necessárias para evitar a perda do semestre e mudanças no calendário letivo.

Controvérsias
Embora cerca de 1500 estudantes tenham se reunido na assembleia que aprovou a greve, segundo contas do centro acadêmico, o movimento e a ocupação da reitoria desagradavam parte dos alunos. “É um absurdo. Eles reclamavam que a diretoria não estava aberta ao diálogo, mas decidiram invadir um prédio da universidade. Não me parece postura de quem queira conversar”, opina o estudante Paulo Lopes.
Já para Thiago Mendes, a diretoria errou ao promover um acordo com os grevistas. “Foi um tiro no pé. Eles legitimaram uma ação arbitrária dos alunos. Só espero que as aulas voltem ao normal e que essa história acabe sem prejuízo ao conteúdo.”
Mas para Rafael o movimento ainda não terminou.“Foi uma vitória bem importante. Agora a ideia é dar apoio aos alunos na Cidade Universitária e contar um pouco da nossa experiência”, defende o estudante.
Para isso, o Caaso fretou um ônibus de São Carlos para participar da assembleia geral da USP. O evento acontecerá no vão da História e da Geografia, na FFLCH, nesta quarta-feira (6), às 18h.