Método agiliza diagnóstico de doença renal

Uso da biologia sintética reduz os custos dos exames e torna possível a detecção precoce de problemas nos rins

Técnica desenvolvida por alunos de gradu­ação da USP, Unesp e UFSCar tem o objetivo de desenvolver teste diagnóstico mais rápido e barato contra problemas renais através da biologia sintética. O grupo, formado por 31 pessoas de di­ferentes cursos, como Farmá­cia, Física, Química, Biologia e Arquitetura, busca angariar fundos através de financia­mento coletivo, organizado na internet, para participar, com a iniciativa proposta, da competi­ção internacional de engenharia de sistemas biológicos, o iGEM, organizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) dos Estados Unidos.

Segundo Danilo Zampronio, participante da equipe e aluno do curso de Ciências Físicas e Biomoleculares da USP de São Carlos, o Brasil apresenta cerca de 100 mil casos de tratamento de diálise por ano, o que corres­ponde a um gasto anual de R$ 1,4 bilhões, aproximadamente 10% da verba que o governo tem destinado à área de saúde. As formas de diagnóstico para doenças dos rins são caras e detectam apenas estágios avan­çados de complicações renais. “A nossa ideia é criar uma maneira financeiramente mais acessível de diagnóstico, capaz de de­tectar estágios mais precoces das doenças, o que viabilizaria tratamentos mais adequados”, relata Zampronio.

(Infográfico: Gabriela Fachin)

Essa técnica só é possível através da biologia sintética, uma nova área de pesquisa que une a engenharia com a biologia, e busca o desenvolvimento de sistemas biológicos que realizem novas funções de forma eficien­te. “A biologia sintética tem potencial de aplicação na pro­dução de fármacos mais baratos, de novos químicos, materiais e combustíveis renováveis e de novas terapias para tratamento de doenças”, explica Mateus Schreiner Lopes, biólogo e dou­tor em biotecnologia pela USP.

(Infográfico: Gabriela Fachin)

A aplicação da biologia sintética tem o objetivo de reduzir o tempo e o custo do desenvolvimento de microrganismos geneticamente modificados, além de aumentar a confiabilidade da modificação genética. “Chegará o dia em que praticamente qualquer produto natural ou não natural poderá ser produzido por microrganismos recombinantes, reduzindo o custo e expandindo o repertório de drogas disponíveis no mercado, por exemplo”, afirma o biólogo.

Para Lopes, o Brasil se destaca pela diversidade dos recursos genéticos, além do fato de ser um dos maiores produtores agrícolas do mundo, o que resulta em um potencial gigantesco para se transformar em um dos principais polos da biologia sintética mundial. Contudo, “a biologia sintética no Brasil está longe de estar consolidada. Para se iniciar tal processo seria necessário um programa coordenado entre o governo, agências de fomento à pesquisa, centros de pesquisas públicos e privados”, conclui.