Tenda Cultural apresenta futuro ainda incerto

No início do segundo semestre de 2013 uma construção chamou a atenção de quem passava pelos arredores da Praça do Relógio. Com o tempo, estruturas metálicas e lona deram forma à Tenda Cultural Ortega y Gasset. Mas seu futuro agora é incerto. Com programação apenas até o final de maio, não se sabe o que acontecerá com o local, que abrigou 49 projetos desde outubro do ano passado.

“A Tenda é, por natureza, um projeto temporário”, explica Abílio Tavares, coordenador executivo do espaço. Segundo ele, em junho é concluída a primeira fase do projeto, que seria um “piloto” para ações futuras. Eunice Nunes, que também pertence à coordenação executiva da Tenda, conta que são várias as possibilidades para o espaço: “pode continuar imediatamente, interromper para voltar depois, continuar aqui ou ir para outro lugar, não sabemos”, explica, “isso ainda está sendo visto”. Tavares afirma que os campi da USP em outras cidades também estão interessados no formato do projeto.

Foto: Ana Luiza Tieghi
Foto: Ana Luiza Tieghi

Eunice e Tavares relembram o período de abertura da Tenda, no ano passado, que ocorreu em meio à ocupação da reitoria. Ela originalmente seria inaugurada no início de outubro, mas teve sua cerimônia suspensa pela atual pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, Maria Arminda. “Nós não inauguramos a Tenda, nós começamos a funcionar”, explica o coordenador. No final do mesmo mês, um seminário internacional sobre emancipação e exclusão já estava marcado e teria que acontecer. “No dia em que começou a funcionar, houve uma manifestação do pessoal da ocupação que chamava “desinauguração oficial da Tenda, churrasco dos burocratas no espeto”, conta Tavares. O coordenador afirma que os manifestantes foram recebidos pela organização do seminário e que puderam falar ao público presente. “Tinha tudo a ver com o universo do evento”.

Segundo os coordenadores, parte da comunidade tinha uma impressão errada sobre a Tenda, associando-a ao então reitor João Grandino Rodas. “Chamavam de ‘Tenda do Rodas’”, explica Tavares, que afirma que o ex reitor “nunca veio aqui, nem nunca entrou na Tenda”. A primeira impressão parece não ter permanecido, já que eles afirmam que muitos participantes da ocupação e que eram inicialmente
contra o projeto já participaram de iniciativas e até mesmo se apresentaram no local. “Acho que era só uma questão de desconhecimento”, opina Tavares.

Eunice conta que os efeitos da crise na USP ainda não foram sentidos pela Tenda, pois o orçamento do projeto já estava fechado até o término desta primeira fase. Porém, não descarta que empecilhos possam surgir se a Tenda continuar. “Estamos encontrando alternativas, buscando parcerias”, conta Tavares. A Tenda atualmente tem parceria com o banco Santander, que deve ser mantida. “O objetivo é que a gente caminhe cada vez mais para uma autonomia orçamentária, que possa ser viabilizada por meio de convênios e patrocínios”, explica o coordenador, “sempre mantendo o modelo de gestão da Tenda, seu perfil e o diálogo da Universidade com a sociedade”.