Descarte de lixo no Crusp é clandestino

Funcionários da prefeitura despejam lixo na área próxima ao Crusp (Foto: Fernando Rocha)

Aprofundando a reportagem sobre o acúmulo de lixo clandestino no Crusp, publicada na edição 430 do Jornal do Campus, identificamos alguns dos responsáveis pelo descarte de resíduos em área da moradia estudantil, com a contribuição de Fernando Rocha, morador do Bloco B.

Fernando afirma que o lixo foi despejado tanto por funcionários da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) quanto por funcionários da própria Prefeitura do Campus da Capital (PUSP-C) e Superintendência de Assistência Social (SAS). São eles os órgãos responsáveis pela contratação das empresas Molise Serviços e Construções Ltda. e Higilimp respectivamente, empresas estas que também são acusadas de despejar lixo no local.

Questionada, a Prefeitura do Campus afirmou que responsáveis pela gestão do serviço de limpeza de bocas de lobo foram até o local e constataram que os resíduos ali depositados são de origem vegetal – restos de galhos, folhas de palmeiras – e também resto de colchões.

Ela ainda reiterou que “parte deste descarte pode ser clandestino, ou seja, unidades mal orientadas que venham realizando um manejo inadequado de seus resíduos, ou mesmo pessoas de fora que, porventura, estejam deixando aqui estes dejetos”.

(Foto: Fernando Rocha)

Um caminhão da PUSP-C foi visto em 24 de setembro despejando lixo no Crusp. Indagados, os funcionários afirmaram que são orientados a deixar ali resíduos vegetais. Também havia placas de propaganda política e plásticos.

A SAS informou que “parte do local [entre os blocos A-1 e B do Crusp] está sendo utilizado pela Prefeitura do Campus, sem prévia autorização da SAS, como área de acúmulo de restos vegetais de algumas unidades da USP”.

Além disso, a Superintendência afirma que tem exigido da PUSP-C a limpeza do local e que recebeu do referido órgão a garantia de que os resíduos seriam retirados de lá com o término da greve de funcionários, mas nada foi feito ainda.

ESCLARECIMENTOS

Entramos em contato também com a empresa Molise, contratada para prestar “serviços de limpeza e desobstrução mecânica e manual de caixas de bocas de lobo, galerias e tubulações de águas pluviais e serviços complementares de conservação urbana” de acordo com o Diário Oficial da União de 15 de outubro de 2013.

A empresa esclareceu que executa os serviços acima citados geralmente às sextas-feiras e que os resíduos sólidos coletados são enviados para empresa especializada, enquanto que os resíduos líquidos são enviados à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

Frente à informação de que um caminhão com identificação da empresa foi visto despejando resíduos na área de moradia estudantil em 17 de setembro, quarta-feira, a Molise nos informou que lhe foi solicitada a remoção de terra de obra em uma área da Cidade Universitária para outra próxima ao Portão 3, portanto nada deveria ser deixado no Crusp.

(Foto: Fernando Rocha)

A empresa se comprometeu a analisar os dados de GPS dos caminhões que prestam serviços dentro da USP e nos esclarecer a respeito do fato relatado. Porém, até o fechamento desta edição, não obtivemos retorno.

Segundo Fernando, na última semana, Marcia Mauro, do Serviço Técnico de Gestão Ambiental da PUSP-C, foi até o Crusp e garantiu que o local será limpo e revitalizado, com plantação de grama para absorção da água que estava se acumulando devido à compactação do solo pelo peso dos caminhões de lixo.

Ainda que o problema pareça estar próximo de ser resolvido, é fato que o estabelecimento da área, ainda que temporariamente, como local para descarte de resíduos vegetais, estimulou o despejo de resíduos de todo tipo ali, tornando a área um ponto viciado de descarte, como a própria Prefeitura do Campus afirmou em matéria da edição passada do JC.

ATUALIZAÇÃO: O lixo foi retirado da área citada na matéria e esta está sendo revitalizada.

Após retirada do lixo, área está sendo revitalizada (Foto: Helena Rodrigues)

por HELENA RODRIGUES