Atletas homenageiam árbitro universitário

Após muitos anos atuando no esporte universitário, o árbitro Joaquim Xavier dos Santos faleceu no último dia 29, aos 67 anos, vítima de um edema pulmonar e cardiopatia hipertrófica. Figura sempre presente e importante dentro e fora dos campos e quadras, ele foi homenageado por inúmeras atléticas e atletas que o conheciam.

Na noite do dia 28, Xavier chegou em casa com falta de ar e o caso se agravou, o que fez com que sua esposa, Rosa Baptista dos Santos, solicitasse o SAMU. O atendimento aconteceu no Hospital Prudente, mas não houve sucesso nos procedimentos.

Assim que a notícia se espalhou, equipes e atletas usaram suas páginas em redes sociais para homenagear Xavier. Essas mensagens, segundo a filha do árbitro, Paola Baptista, foram importantes para amenizar a dor da situação. Pessoalmente, as pessoas que o conheciam também demonstraram carinho. “Assim que cheguei (ao cemitério) me surpreendi com a quantidade de pessoas que estavam aguardando ele chegar para prestarem sua ultima homenagem, fazerem seu ultimo agradecimento. Eu sabia  que meu pai conhecia muitas pessoas, mas não tinha a dimensão da repercussão que teria”, afirma Paola.

Nascido em Caculé, na Bahia, Xavier sempre foi apaixonado por esportes, especialmente o futebol e o futsal. Trabalhava como bancário e disputou alguns campeonatos corporativos e de segmento empresarial. Nos torneios de várzea, jogava e atuava como árbitro, aproximando-se dessa outra área do esporte.

Foto: Gustavo Sandin
Foto: Gustavo Sandin

Durante uma das partidas, Xavier sofreu uma entrada violenta na canela e fraturou a tíbia e a fíbula. Precisou se afastar do esporte e nunca mais voltou a jogar, já que perdeu alguns centímetros de uma das pernas por conta de uma cicatrização mal feita. No entanto, Xavier nunca deixou o ramo. Em 1998, ele fez um curso de árbitro e após um tempo foi indicado por uma amigo para participar de uma empresa de arbitragem.

Sua caminhada no esporte universitário começou na edição de 2003 dos Jogos de Comunicação e Artes, o JUCA. Desde então, sua equipe trabalha no meio, além de atuar em campeonatos corporativos, empresariais e educacionais. Dentro da USP, Xavier era bem conhecido e se aproximou dos atletas. “No início, nossa relação era por conta da LAAUSP, mas a amizade ficou. Eu gostava muito dele e, pelo que os outros árbitros dizem, parece que era recíproco. No dia que Xavier morreu, ele tinha me ligado só para falar das novidades da Copa USP e de como estava empolgado com tudo”, revelou João Francisco Vargas Meireles, ex-presidente da Liga Atlética Acadêmica da USP, a LAAUSP.

Paola lembra que o pai era extremamente apaixonado pelo que fazia e gostava de contar aos amigos e familiares as histórias que viveu no esporte. Dentro da USP, trabalhou com campeonatos como a Copa USP, os Jogos da Liga e o BichUSP. Fora dela, mas sempre perto de algumas de suas atléticas, marcava presença em jogos universitários como  JUCA, InterFAU, InterOdonto, InterEnfe e BIFE. Sua importância foi, inclusive, lembrada na partida de futebol de campo entre ECA e EACH, válida pelo BichUSP. Os jogadores fizeram um minuto de silêncio antes da bola rolar, em homenagem ao técnico e amigo.

“Para ele só há palavras de agradecimento. Não há qualquer cobrança ou dívida. Amava sua família e a protegia de todas as maneiras, algumas vezes até em excesso. Respirava o futsal, era muito dedicado ao trabalho”, declarou a filha. Pessoas que trabalhavam com o árbitro seguem tocando os campeonatos nos quais ele estava envolvido, pela sua memória, seus clientes e para ajudar sua família, mesmo sem qualquer pedido para que isso acontecesse. “Isso demonstra a pessoa de caráter inquestionável que ele foi”, finaliza Paola.

Por Paula Thiemy