Edusp organiza mudanças na estrutura editorial

Comissão prepara propostas, a pedido do reitor, que decidiu renovar a política da editora da USP

Após 25 anos como diretor da Editora da Universidade de São Paulo, Plínio Martins Filho deixou o cargo. A decisão foi tomada pela reitoria da Universidade pela determinação de renovar as administrações das organizações dentro da USP. Junto à mudança de direção, foi solicitada pelo reitor a formação de uma comissão para formular propostas que estabeleçam a nova política editorial da Edusp. A comissão, presidida pelo embaixador Rubens Ricupero, está em fase inicial e a apresentação de suas propostas não tem prazo definido. Além dele, outros seis professores compõem a comissão.

Em entrevista para o Jornal do Campus, o embaixador Rubens Ricupero compartilhou algumas das propostas que serão apresentadas à reitoria para avaliação. O embaixador esclareceu que a ideia básica da comissão é fazer com que a Edusp cada vez mais esteja a serviço dos estudantes e dos professores, além de tentar baratear certas edições para torná-las mais acessíveis. “Temos um projeto de abrir um canal para solicitações de alunos e professores, além de um plano de montar uma publicação de livros eletrônicos e para download”, comenta.

A comissão planeja entrar em contato com as unidades de ensino da USP para verificar quais os títulos que há interesse para reedição, como clássicos que já estão indisponíveis no mercado pelas editoras comerciais.

Foto: USP Imagens
Foto: USP Imagens

O JC questionou o processo de publicação de obras dos pesquisadores da casa, que muitas vezes é inviabilizado devido ao alto custo e volume de impressão, que o pesquisador não consegue arcar. O presidente da comissão explicou que há um processo de análise das obras que não se enquadram nas publicações da editora. O processo não leva em consideração apenas a qualidade do livro. O embaixador ilustrou o processo em todas suas etapas: “normalmente, o autor submete a proposta, que é enviada a um parecerista da mesma área do docente. Este faz um resumo da obra, e responde um formulário sobre os pontos fortes e fracos, se está pronta para publicação ou precisa ser reformulada.

Esse parecer conclui a favor ou contra, e ele é discutido em uma reunião da comissão. Caso a comissão não tenha dúvidas, o parecer é aceito, senão é solicitado outro, e toma-se uma decisão por consenso”, explica.

Rubens Ricupero conta que a decisão não é tomada somente pela qualidade da obra: “Pode ser interessante, mas por um motivo qualquer não se enquadra nas publicações da USP”. Sobre a possibilidade de estabelecer ae publicação sob demanda, no qual a obra é impressa só na ocasião da compra, Ricupero comentou que  “esta ideia nunca foi levada à discussão, apesar de interessante”.

O embaixador explicou também as diferenças entre editoras comerciais e uma editora universitária: “a editora universitária está sempre ligada a uma entidade superior – está incluída em alguma coisa da qual ela faz parte, enquanto outras editoras são autônomas, só prestam contas a si próprias”.

Por isso, editoras universitárias raramente publicam em todas as áreas, como editoras comerciais fazem. Caso não seja uma publicação da universidade, será um clássico como O Uruguai, por exemplo”. Um outro exemplo que o embaixador utiliza é a coleção Épicos da Edusp: “esses livros são de interesse de estudiosos, não têm valor comercial no mercado como um todo e são caros, por isso nenhuma editora comercial vai editar. A Edusp publica obras de grande relevância cultural, que normalmente não teriam valor a editoras comerciais.”

Troca na direção

A sucessão do professor Plínio Martins Filho depende de uma eleição que ainda não está prevista. Será marcada somente após o término da definição da nova política editorial, a qual também não tem  prazo definido.

Por Carolina Monteiro