Espaços da ECA são cercados em ação da Reitoria

Grades a serem instaladas na ECA inquietam estudantes e trabalhadores. Foto: DCE Livre da USP
Grades a serem instaladas na ECA inquietam estudantes e trabalhadores. Foto: DCE Livre da USP

Hoje, trabalhadores, integrantes de entidades estudantis e alunos da Universidade se reuniram na sede do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), no que o movimento considerou como resistência contra a instalação de tapumes, faixas e grades ao redor do espaço de convivência da Escola de Comunicações e Artes.

Na reunião, realizada ao meio-dia, foram tiradas resoluções do que será feito neste período de recesso a fim de proteger o espaço contra possíveis ações da Reitoria, após a publicação de uma ordem de despejo. O local em questão, apelidado de Vivência, abriga não somente o Sintusp, mas também a lanchonete da unidade e entidades estudantis como o Centro Acadêmico Lupe Cotrim (Calc), a bateria universitária BaterECA, o CANiL (ocupação cultural da Universidade, cuja sede já fora derrubada sem aviso prévio no mesmo período de recesso em 2012) e a Associação Atlética Lupe Cotrim (ECAtlética). Deste modo, o espaço demarcado para o cercamento prejudica tanto o ambiente de convivência, como também a existência desses grupos.

Reunião aberta organizada pelo Sintusp buscou ações para proteger o espaço do cercamento. Foto: Mayara Paixão
Reunião aberta buscou ações para proteger o espaço do cercamento. Foto: Mayara Paixão

Paralelamente, a lanchonete localizada no espaço de vivência da ECA recebeu no dia 21 de dezembro (quarta-feira), pela segunda vez no ano, uma ordem de despejo para ser cumprida em 30 dias. De acordo com nota publicada na página do Diretório Central dos Estudantes da USP (DCE Livre da USP), trata-se de um ataque à autonomia dos estudantes: “A garantia de que os aluguéis das xerox e das cantinas dos espaços estudantis serão revertidos pros CAs é a certeza de que podemos financiar nossas atividades de maneira independente das diretorias e da Reitoria, um direito conquistado desde o fim da ditadura.”

Por e-mail, a Diretoria da ECA afirma ter feito “gestões junto à Reitoria USP para assegurar este espaço para o desenvolvimento das atividades dos estudantes da nossa Escola”, de modo a defender a manutenção dos espaços hoje ocupados pelas entidades estudantis desta Escola, além da lanchonete citada.

Durante a reunião do Sintusp, representantes da Polícia Militar e da suposta construtora responsável pela obra circulavam pelo local. Foto: Alexandre Pariol Filho
Durante a reunião do Sintusp, representantes da Polícia Militar e da suposta construtora responsável pela obra circulavam pelo local. Foto: Alexandre Pariol Filho

E não apenas as entidades estudantis, mas também grupos como a Associação dos Docentes da USP (Adusp) e a Associação de Moradores do Crusp (Amorcrusp) se manifestaram sobre o ocorrido em suas redes. Em moção de repúdio publicada no dia 21 (quarta-feira), a Amorcrusp afirma que “a liminar [de despejo] diz que a reintegração se deve ao fato daquele prédio ser público que não está sendo usado desta forma (…) Esse argumento mostra que a reitoria quer acabar com o movimento político dentro da universidade que luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e estudantes”.

O Jornal do Campus entrou em contato com a Reitoria da Universidade e não obteve resposta até o momento desta publicação. Entretanto, está marcada para amanhã, dia 22, às 11h30, uma reunião da Diretoria do Sintusp com a Reitoria para tratar do cercamento da Vivência e da liminar de despejo do sindicato.

Acompanhe o site e as redes sociais do Jornal do Campus, onde serão publicadas novas informações e atualizações do caso.