Alunos promovem mudanças locais com empreendedorismo social

(Foto: ENACTUS CAASO)

A partir da proposta da ONG internacional Enactus, seis campi da USP promovem ações de empreendedorismo social para contribuir com o desenvolvimento local. Os alunos participantes formam times nos seus respectivos campus para discutir e implementar projetos que ajudem à comunidade. A ideia é colocar em prática os conhecimentos adquiridos nos cursos de graduação e pós-graduação.

Para Caio Moura, gerente da ONG no Brasil, “as experiências Enactus são uma forma de o jovem desenvolver as soft skills (relacionadas à personalidade e relacionamento interpessoal) antes de entrar no mercado de trabalho, se preparando melhor para os desafios que enfrentará como profissional. Além disso, essas experiências servem como uma forma de o estudante avaliar o que aprendeu em seu curso e testar os conhecimentos na prática”. 

Os dezessete projetos ativos nas unidades São Paulo, Lorena, São Carlos, Piracicaba, Rio Preto e Pirassununga da USP estão concentrados em diferentes áreas de atuação. Suas temáticas envolvem meio ambiente, empoderamento feminino, educação e capacitação profissional.

O incentivo ao empreendedorismo como prática educacional não é algo novo na Universidade, que ocupa a primeira posição do Ranking de Universidades Empreendedoras, criado pela Confederação Brasileira de Empresa Juniores, Brasil Júnior, e divulgado no final de 2016.

EMPODERAMENTO FEMININO

Bruna Merola, coordenadora geral do Enactus do Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (Caaso), aponta que as mulheres vivem em uma sociedade que as inferioriza e que, em lugares carentes, esse conceito está mais enraizado. Em virtude disso, defende que a desconstrução é o primeiro passo a ser trabalhado nesse público alvo.

No Mulheres à Obra, o time Caaso, observando o preconceito sofrido por mulheres que trabalham na construção civil, contribui para a criação de uma cooperativa para que elas, organizadas, desenvolvam suas atividades profissionais com mais facilidade. “O empoderamento tem um impacto positivo tanto no lado financeiro quanto na autoestima. Surge um senso crítico maior, fazendo com elas quebrem, ao menos um pouco, o ciclo do machismo, ensinando também os filhos o outro lado”, afirma Merola.

Igualmente destinado ao público feminino, o projeto (Re) Começos, criado em 2016 pelo time Enactus da Faculdade de Direito, trabalha com as reeducandas da Ala Materna da Penitenciária Feminina da Capital (SP) e atua em três frentes: rodas de diálogo, cujo objetivo é reconstruir a relação das mulheres em cárcere com a sociedade; oficinas de biojoias, na qual são ministradas aulas de conceitos de joalheria e gerência de produtos; e, por fim, encontros com empreendedores, com palestras sobre finanças pessoais e microempresas.      

EDUCAÇÃO, MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

 Para combater o desperdício de vegetais em Pirassununga, o grupo da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) organiza cursos de culinária na cozinha do Fundo Social da cidade voltados para o reaproveitamento de alimentos, o DesFrutando. O grupo também desenvolve outros dois projetos voltados para o meio ambiente, o Reciclação, cujo intuito é aumentar a produção e melhorar a organização interna da cooperativa envolvida, e o Ecotivando, que tem parceria com uma clínica de destinada à dependentes químicos e visa o estabelecimento de uma horta no local.